Presidente da ABREA recebe medalha e entidade é homenageada na Câmara

Em sessão solene realizada na última sexta-feira, 19, no Plenário da Câmara Municipal de Osasco, o presidente da ABREA (Associação dos Expostos ao Amianto), Eliezer João de Souza, recebeu a medalha Raposo Tavares e o Diploma Cidade de Osasco, por sua dedicação à luta pelo banimento do amianto em Osasco e em todo o Brasil. A homenagem foi extensiva à ABREA e todos os seus membros, através da outorga de um cartão de prata alusivo à data. A proposta da homenagem, aprovada no Legislativo Municipal, é de autoria do vereador Marcos Martins, líder da bancada do PT na Câmara. Preocupada com os efeitos à saúde daqueles que têm contato com o amianto, mineral também conhecido como asbesto, desde 95 a ABREA vem aglutinando trabalhadores expostos à fibra, encaminhando-os para exames médicos e propondo ações judiciais em favor das vítimas. A entidade também realiza um intenso trabalho de conscientização da população em geral, trabalhadores e opinião pública, sobre os riscos do amianto, lutando pelo seu banimento. Nesta semana, marcando a passagem da Semana de Combate ao Amianto, a entidade inaugura mostra sobre a luta, com fotos e documentos expostos no Osasco Plaza Shopping. Diversas personalidades prestigiaram a sessão, que contou com a presença de vítimas do amianto, sindicalistas de várias categorias profissionais, amigos e simpatizantes do homenageado. Também estavam presentes membros das representações da ABREA de São Caetano do Sul e da Bahia. Ambas, somadas à sede em Osasco e à representação do Rio de Janeiro, conferem à entidade atualmente o expressivo número de 2000 mil associados. A fiscal do Ministério do Trabalho e representante da organização não governamental BanAsbestos Network, que luta pelo banimento do amianto no mundo, engenheira Fernanda Giannasi, comemorou com entusiasmo a ocasião. “O Eliezer é para a gente uma inspiração permanente”. Em seu discurso, Giannasi aproveitou para fazer um alerta. A respeito da disposição governamental em trabalhar a questão no país, “o Ministério da Saúde e do Meio Ambiente estão entendendo que nada foi feito e tudo começa do zero”, explicou, ressaltando que exemplos como o da ABREA e de Osasco já são indicativos do caminho a seguir. Ela pediu apoio aos representantes políticos da cidade, em especial ao presidente da Câmara Federal, João Paulo Cunha, na aprovação de projeto pelo banimento do amianto no país. Funcionário da fábrica de telhas Eternit, que fechou em Osasco, Eliezer tem asbestose e placas pleurais (espessamento da pleura – membrana que envolve o pulmão) devido ao contato com o amianto. Bastante emocionado, ressaltou o apoio de todos os presentes ao trabalho que vem sendo realizado pela entidade. “Nossa luta hoje é motivada pela indignação. Nós vivemos o problema na pele. Essa indignação acontece quando você descobre que foi enganado durante tanto tempo e, hoje, além dos problemas de saúde, nos processos você tem juízes pedindo novas perícias com médicos que não entendem nada assunto. E há ainda pessoas ligadas às empresas que insistem em defender posições distorcidas”, lamentou. O homenageado também destacou o empenho do vereador Marcos Martins na aprovação, em 2001, do projeto de lei municipal que proibiu o uso de amianto na cidade. “Na época, ouvi de vereadores que só iriam votar no projeto porque o vereador Marcos Martins os convenceu”, lembrou. O autor da propositura, vereador Marcos Martins, comemorou a ocasião. “É nosso dever reconhecer o incansável trabalho de Eliezer e todos os membros da ABREA, que tanto batalham para livrar a sociedade do mal que o amianto representa”, disse. “Temos a obrigação de continuar nessa luta. Muitas pessoas estão hoje sofrendo de males causados pelo amianto e nem sabem. Até os familiares de trabalhadores, que não tiveram contato direto com a fibra. Não vou descansar até a proibição definitiva da extração, uso ou comercialização desse mineral no Brasil”, concluiu o vereador. A cidade de Osasco marcou presença no cenário internacional na luta contra o amianto realizando, em 2001, o Congresso Internacional do Amianto, com organização conjunta da ABREA e Rede BanAsbestos, com apoio da Prefeitura Municipal e diversas outras entidades. Depois do Congresso, o Legislativo Municipal aprovou lei proibindo a comercialização e uso do mineral no município.