Luta contra pedágios ganha força em audiência pública na Alesp

O auditório Franco Montoro, na Assembleia Legislativa, foi ponto de encontro da sociedade com parlamentares que contestam os pedágios no estado de São Paulo, para uma audiência pública “Pedágio Não”, que aconteceu na última segunda-feira, dia 1 de junho. Proposta dos deputados estaduais Marcos Martins (PT), Rui Falcão (PT) e Carlos Gianazzi (PSOL), a audiência reuniu lideranças sindicais, parlamentares e a população. A busca por soluções que impeçam o governo do estado de avançar com o plano de expansão dos pedágios ganhou destaque na audiência e a unificação dos movimentos que já militam contra as tarifas foram dois pontos altos da discussão durante a audiência pública. O estado de São Paulo concentra metade das praças de pedágios instaladas em todo o país e pratica as tarifas mais caras. Audiência contou ainda com a presença de várias lideranças sindicais, de munícipes, trabalhadores do setor de transportes e parlamentares, como os vereadores de Osasco Aluisio Pinheiro (PT) e João Gois (PT). >>> Novos planos Durante a audiência, deputados receberam sugestões e concordaram em ampliar a discussão promovendo debates regionais nos locais mais afetados pelas cobranças. Para intensificar o combate aos pedágios, os deputados querem a adesão de mais parlamentares e declararam já estarem em conversa com outros deputados. A intenção é ainda apresentarem novos projetos de lei, semelhantes ao já apresentando por Carlos Gianazzi que proíbe a cobrança de pedágio para moradores dos municípios onde a praça esteja instalada. “Ampliarmos as formas de informar a população sobre esse assunto é essencial para difundirmos o movimento e ganharmos adesão de quem mais sofre com esse abuso do governo, que é o cidadão”, alegou Marcos Martins. Ele acredita ser indispensável uma campanha mais intensa. Rui Falcão disse que estudará uma forma de repassar parte do IPVA para cidades prejudicadas pelos pedágios, bem como a construção de rotas alternativas e a revisão das tarifas. >>> Rota de fuga Osasco tem enfrentado problemas decorrentes do desvio do tráfego para dentro da cidade. Motoristas que querem fugir dos pedágios optam por trafegar pelos centros urbanos, causando transtornos. “O desvio do transito para dentro das cidades aumentou de forma expressiva os transtornos, tanto na intensificação do trânsito como em relação a prejuízos no asfaltamento, incidência de acidentes, entre outros problemas”, apontou Marcos Martins. Marcos Martins também fez questão de lembrar que o intuito do Rodoanel Mario Covas era o escoamento do trânsito intenso das cidades cortadas pela via, sem custo algum ao usuário. “No entanto, o governo do estado ignora o fato, já pedagiou o trecho Oeste e promete o pedagiamento do trecho Sul”, observou. >>> Pedágios mais caros do Brasil Segundo a Artesp, hoje, o estado conta com 163 praças, que cobram, aproximadamente, R$ 5,76 por eixo nos veículos de carga. O pedagiamento excessivo onera viagens, tanto de pessoas, como de serviços e transportes de cargas. O Estado de São Paulo cobra hoje os pedágios mais caros do Brasil. Numa viagem de ida e volta da capital a São José do Rio Preto, por exemplo, o motorista deixa nos pedágios paulistas R$ 114,00. É isso que acontece no Estado. Além de muito caro, há muitos postos de pedágio. Somente no Rodoanel Oeste, com 32 quilômetros de extensão, são 13 praças, e ainda há previsão de instalar mais 61 postos em todo o Estado, por conta das últimas concessões feitas por Serra. Por isso, os gastos com pedágio, na maioria dos casos, ultrapassam o valor do IPVA ou até mesmo o seguro do veículo. Um dos abusos mais gritantes fica no trecho da Rodovia Anhanguera, onde o pedágio segregou vários bairros da região, como a Chácara Maria Trindade, ou seja, os moradores são obrigados a pagar pedágio para circularem em seus bairros. >>> Quem não trafega, também paga Mesmo quem não trafega pelas rodovias pedagiadas está pagando a conta. Passam por rodovias 93% do transporte de carga do Estado. Um caminhão de seis eixos, que vai de São José do Rio Preto à Capital, deixa nos pedágios R$ 684,00. Esse valor é embutido no preço das mercadorias que toda a população consome. Da mesma forma, quando se utiliza transporte intermunicipal metropolitano ou rodoviário, em que os ônibus pagam pedágio, o consumidor também está pagando essa conta.