Ato contra privatização de parques reúne milhares no Pico do Jaraguá

Crédito: Assessoria / MM

Na manhã de domingo, 23/6, milhares de pessoas reuniram-se na frente do Pico do Jaraguá, SP, num ato contra a privatização do parque estadual. Localizado no mais alto ponto de São Paulo, o parque sempre teve entrada gratuita, servindo como principal lazer da população – principalmente mais carente – da região. O Projeto de Lei 249/13, de autoria do governador Geraldo Alckmin (PSDB) e o Decreto nº 57.401, utilizado pelo secretário do Meio Ambiente Bruno Covas quando este oferece os parques estaduais como potencial de investimento a empresário, por exemplo, do setor hoteleiro, estão sendo fortemente questionado pela população, por ecologistas e também por autoridades políticas que compartilham do desejo da não-privatização dos parques, patrimônio público e de responsabilidade estadual.

O encontro contou com fala de autoridades presentes, que lutam contra a privatização dos parques estaduais, e acabou em concentração de manifestantes seguida de “abração pelo parque”, momento em que todos deram as mãos e cantaram o hino do Brasil. Num momento de consecutivas manifestações no país, a força do povo contra projetos escabrosos e obscuros parecia ter se reverberado ali também. Via-se no rosto e na voz de cada manifestante a vontade de preservar o que é bom. Os presentes pediam ao governador Geraldo Alckmin para que deixasse o parque em paz.

O Projeto de Lei 249/13, de autoria do governador Geraldo Alckmin, foi enviado à ALESP em caráter de urgência. O PL prevê à concessão, por trinta anos,  dos parques Estadual de Campos do Jordão, Parque Estadual da Cantareira e Parque Estadual do Jaraguá, além da Estação Experimental de Itirapina e da Floresta de Cajuru. O Avaaz, grupo que realiza campanhas e abaixo-assinados online, está com uma petição aberta para que autoridades retirem a propositura do referido Projeto de Lei e ajudem em sua não aprovação.

O deputado estadual Marcos Martins (PT), que é membro da Comissão de Maio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável na Assembleia Legislativa de São Paulo, posiciona-se contra o que ele considera “a venda do verde”.

“Os parques que estão na mira da privatização do governo estadual possuem juntos uma área de mais de 20 mil hectares. São áreas de preservação e conservação. Além do mais, são áreas públicas. Os parlamentares e a população devem ficar de olhos bem abertos para que não tentem lucrar em cima de nossos parques. Não é a primeira vez que acontece quando as coisas caem nas mãos do atual governo: ele fica com o ônus e o empresariado com o bônus. Vamos colocar em cheque áreas verdes, abrigo de nascentes, flora e fauna? Nós na Assembleia Legislativa faremos o possível para pedir mais explicações a respeito desse projeto que permanece mal explicado”, argumenta o deputado estadual Marcos Martins.

Moradora de Pirituba, bairro próximo do Jaraguá, Deise Recoaro conta que o parque do Pico sempre foi gratuito e bem conservado, o que em sua opinião desclassificaria qualquer intenção de privatização do local. “Não podem fazer isso, privatizar. O parque sempre foi bom, frequentado e gratuito. Sempre foi a diversão dos moradores da região”, afirma Deise.

Outras autoridades políticas também têm se organizado e manifestado seu apoio a não privatização dos parques estaduais paulistas, como o deputado estadual Luiz Cláudio Marcolino, líder da bancada petista na ALESP, e o deputado federal Ricardo Berzoine (PT). Sindicalistas e líderes de associação contribuem ao movimento. José Américo Queiroz, conhecido como “alemão”, participou do ato representando o Sindicato dos Bancários de Osasco, SP e região e Vera Eunice Silva, coordenadora do Movimento de Moradia da Zona Oeste, também emprestou sua voz e engrossou o coro contra a privatização dos parques.