Marcos Martins visita aterros em busca de avanços para políticas destinadas ao lixo perigoso

Crédito: Assessoria/MM

Atento a nova Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), instituída através da Lei 12.305/2010, o deputado estadual Marcos Martins (PT) visitou, ao lado da engenheira Fernanda Giannasi e do presidente da Associação Brasileira dos Expostos ao Amianto (Abrea), Eliezer de Souza, aterros sanitários que trabalham com lixo perigoso (Classe I) no Estado de São Paulo, objetivando a obtenção de um quadro sobre o descarte do amianto e sua  instrumentalização para ampliar a luta contra o amianto.

Para o parlamentar, que reuniu-se com o corpo técnico das empresas Resicontrol, em Tremembé, na sexta-feira (09/08), e as duas filiais da regional paulista da Essencis Soluções Ambientais, em São José dos Campos e em Caieiras, esta última na segunda-feira (12/08), existe urgência para a proposição de políticas públicas que orientem o enfrentamento para o descarte e destinação ambientalmente corretos dos rejeitos – materiais que não podem ser reciclados ou reutilizados.

Martins, que também é membro da Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável da Assembléia Legislativa de São Paulo (Alesp), explica que já houve grande avanço com o banimento do amianto no estado, através da Lei 12.684, de sua autoria, mas que agora é necessário avançar. Uma de suas principais preocupações é com o grande passivo ambiental produzido pelo uso em demasia de materiais que contenham fibras de amianto, principalmente na construção civil. “Com o banimento do amianto, é vedado no estado a compra, o uso e a comercialização do asbesto. Só que este material é utilizado na composição de cerca de três mil produtos, principalmente nas telhas de fibrocimento. Fica a pergunta: quando um munícipefizer a reforma da sua casa, para onde ele mandará as telhas deamianto?”, indagou.

 

Na Resicontrol, Marcos Martins questiona processos de fiscalização junto a Bruno Caleiro Palma, superintendente regional da empresa

 

 

A questão levantada pelo parlamentar foi estimulada pela afirmativa de Bruno Caleiro Palma, superintendente regional da Resicontrol. “Na prática, o que vemos, é que a maioria dos resíduos com amianto que recebemos vem da indústria, mesmo porque é mais fácil a fiscalização, inclusive pela Cetesb [Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental]. Materiais residenciais acabam indo para o entulho.”, afirmou.

A engenheira Fernanda Giannasi, também coordenadora da Rede Virtual Cidadã pelo Banimento do Amianto para a América Latina, reforçou a preocupação. “O procedimento para o descarte é muito complexo, vai desde a detecção, remoção, transporte e destinação, justamente por ser uma substância extremamente perigosa, que mata. Além disso, existem materiais, como o tecido de amianto, que não entram na resolução [384 do Conama] e, por isso, não são tidos como Classe I, aumentando a exposição da população e meio ambiente ao amianto”, concluiu.

Outro ponto abordado pelo deputado estadual foi que, já que os materiais à base de amianto, mais comumente usados pela população são telhas e caixas d’água, o descarte acaba sendo realizado em caçambas de entulho e vão, posteriormente, para usinas de reciclagem. “Neste cenário, no qual temos a destinação do amianto em entulhos e não em aterros, como deve ser, nos confrontamos com outro perigo, a transformação destes materiais em pó, justamente o que contamina as pessoas.”, acrescentou.

 

Em São José dos Campos, Marcos Martins debate novas estratégias para o lixo perigoso

 

O presidente da ABREA, Eliezer de Souza, ele também um contaminado – o amianto depois que entra no organismo não sai mais -, reforçou a preocupação de Marcos Martins. “O país já registrou mais de 2.400 mortes na última década. Destes, mais de duas mil pessoas morreram por câncer. Há expectativa que muito mais mortes aconteçam, segundo estudos da Fiocruz [Fundação Oswaldo Cruz], até 2030, isso se paramos agora.”, acrescentou.

Para Marcos Martins, que acredita que o lixo tenha que ser tratado como um problema social, este é o momento de se discutir o descarte. “A Lei de Resíduos Sólidos prevê o enquadramento dos municípios e empresas até agosto de 2014. Ou seja, falta apenas um ano. Além disso, não é somente o amianto nossa preocupação. Há outros materiais, como o mercúrio, por exemplo, tão prejudicial à vida quanto o amianto. O que será feito com todo este lixo?”, concluiu.

Após o diagnóstico, o deputado estadual propôs a realização de uma audiência pública para debater a problemática do lixo perigoso, avanços na logística reversa e a implantação da responsabilidade compartilhada dos geradores de resíduos, prevista em lei federal, no estado.