“Esqueçam a ideia de nadar no Tietê. Quem pensa isso está voando”

Crédito: Assessoria/MM

Nesta terça-feira, 15/9, a Comissão do Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável da Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo (Alesp) realizou Audiência Pública para discutir a despoluição do Rio Tietê e da represa Guarapiranga, proposta pelo deputado estadual Marcos Martins.

A audiência presidida pela deputada Ana do Carmo contou com a participação de parlamentares, ONG’s, movimentos sociais, representantes da sociedade civil e dos diretores da Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp) e da Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental (Cetesb), Dante Ragazzi Pauli e Nelson Menegon. Também compuseram a mesa a coordenadora da rede de águas do SOS Mata Atlântica, Malu Ribeiro, os prefeitos e os secretários de meio ambiente de diversos municípios atingidos pelo rio.

De acordo com Pauli, o programa de despoluição do Rio Tietê, iniciado na década de 90, continua. No entanto, parecendo desconsiderar os mais de 20 anos do processo, o superintendente chegou a afirmar que a despoluição do rio não se dará em apenas dois anos, pois dependeria de vários outros fatores além da competência da companhia de saneamento. “Numa metrópole de 20 milhões de habitantes, esqueçam a ideia de nadar no Tietê, quem pensa isso está voando”, afirmou irritado o funcionário do alto escalão da Sabesp.

Alguns dos presentes destacaram que a alocação de recursos no processo de despoluição do rio ao longo de décadas ficou conhecida como a “Indústria da Lama”, que, além da falta de transparência, não teria trazido resultados convincentes. Nas duas primeiras etapas do programa, que compreendem o período de 1992 a 2008, foram gastos aproximadamente R$ 1,2 bilhão; a terceira etapa sozinha teve investimentos superiores a R$2 bilhões e a quarta etapa, já iniciada, está orçada em R$2 bilhões, dos quais R$ 1,2 provenientes de recursos do PAC.

Contrariando o representante da Sabesp, a ambientalista Malu Ribeiro afirmou que seria absolutamente possível tornar o Tietê navegável, bastando observar o trabalho que a própria natureza faz neste mesmo rio, que apesar do alto índice de contaminação é ressuscitado a partir do município de Salto. Malu sugeriu ainda que, no próximo encontro, estivessem presentes também representantes do Governo do Estado, dada a importância do assunto.

O deputado Marcos Martins, que no início de julho esteve no município de Pirapora do Bom Jesus, destacou sua preocupação com a saúde da população das cidades afetadas por essa poluição e ainda cobrou maior responsabilidade da Sabesp, Cetesb e do governo do estado em relação às obras de saneamento. “Será que a nossa geração não verá o rio limpo?”, indagou Martins.

O assunto deve ser levado para as próximas reuniões da Comissão do Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável da Assembleia.