Estamos em obras

As reformas sempre causam transtorno. Quem já fez alguma reforma em casa sabe que é preciso desmantelar tudo primeiro para depois organizar melhor os espaços, otimizar a utilização dos ambientes e fazer a casa, como um todo, funcionar melhor, com mais economia e mais agilidade. Sabemos que esta aparente bagunça é um mal necessário para o usufruto de um local melhor planejado no futuro.
É exatamente isso que o atual governo pretende com a reforma da previdência. A intenção do presidente da República com a reforma é que os trabalhadores continuem recebendo seus proventos com garantia, economia, agilidade e, sobretudo com justiça.

Mas não há como fazer isso sem algum transtorno. Para quebrar os alicerces atuais, que comprometem a estrutura, o governo está tendo dificuldade. Os principais pontos que estão fazendo a reforma “atrasar” são a paridade no reajuste entre trabalhadores públicos ativos e inativos e a integralidade da aposentadoria dos atuais servidores, ou seja,a possibilidade de se aposentarem ganhando benefício igual ao salário integral.
No projeto original da reforma, o governo prevê o fim da paridade e da integralidade. A proposta foi discutida à exaustão com seus principais proponentes, os 27 governadores dos estados brasileiros. Desta discussão emergiu a constatação de que a paridade e a integralidade oneram os cofres estaduais.

Foi um posicionamento polêmico. Como tal, era de se esperar que suscitasse acalorada discussão. E dentro do sistema democrático e transparente a que se propõe, agiu certo o governo ao delegar ao Congresso Nacional e aos governadores, com a cobrança da sociedade civil organizada e da população em geral, a responsabilidade por assumir se é realmente isso que esperam de uma ampla reforma na Previdência Social, ou não.

É fundamental compreender que esta reforma não se faz com uma “canetada”. É necessária a participação de todos, evitando que o tema seja usado como moeda de troca ou como artifício político de quem busca visibilidade, em detrimento da economia nacional e colocando em risco a própria aposentadoria dos trabalhadores brasileiros.

Não podemos esquecer que a reforma não pode parar, muito menos atrasar. Sabemos que “atraso na obra” significa gastos imprevistos. As despesas a mais nesse caso podem representar um significativo comprometimento do futuro dos trabalhadores.