A intensa luta pelo banimento do amianto não é em vão
É imprescindível que prestemos apoio à luta das vítimas do amianto no Brasil. Os resultados são lentos, mas não podemos esmorecer. Infelizmente minha cidade carrega a sina de ser a capital brasileira do câncer por contaminação com amianto. Osasco, que abrigou por cinco décadas a Eternit, a maior fábrica de cimento-amianto do país, carrega até os dias de hoje as seqüelas do extenso contato que teve com este mineral nocivo: são mais de 600 doentes e milhares de contaminados, que poderão vir a desenvolver doenças pulmonares como asbestose, câncer de pulmão e mesotelioma.
Por isso, na condição de vereador, já cumprindo o quinto mandato, apresentei, por três vezes projeto de banimento do uso deste infesto mineral no município. Enfrentei lobby contrário dos colegas vereadores de Câmara e vetos do antigo prefeito, mas, finalmente, após a cidade ter sido sede, em 2000, do Congresso Mundial do Amianto, que contou com a participação de 32 países, minha idéia foi aceita.
Hoje Osasco conta com a Lei de Banimento do Amianto, que proíbe, no território municipal, a fabricação, venda e uso de qualquer produto que contenha o produto em sua composição. Lamentavelmente, assim como acontece em outros lugares, a lei em Osasco não é respeitada. Mas a luta continua, precisamos exigir que haja uma fiscalização acirrada, impedindo qualquer manuseio e uso do amianto, principalmente a comercialização de produtos que têm este mineral como matéria-prima.
Nossos desafios como cidadãos, além de exigir fiscalização e difundir a conscientização sobre a necessidade do banimento do asbesto nos quatro cantos do Brasil, é nos manter alertas sobre o destino dos resíduos deste mineral, e o atendimento justo às vítimas – lembrando que muitas delas ainda não foram diagnosticadas.
Também devemos estar atentos quanto à aplicação de outros elementos nocivos, como a sílica, o mercúrio e o chumbo, e suas nefastas conseqüências. Neste sentido, tenho participado de manifestações pelo fim do uso indiscriminado desses produtos, como a ocorrida recentemente em São Paulo, para garantir o reconhecimento público das doenças provenientes desses produtos nocivos ao ser humano.
Para finalizar, fico contente em lembrar que a nossa árdua luta tem rendido frutos. Após ter sido a primeira cidade a abrigar uma sede da ABREA – Associação Brasileira dos Expostos ao Amianto, em 1995, Osasco – que já se soma a diversos outros estados brasileiros, além da maioria dos países do mundo – terá, em breve, o primeiro Centro Especializado de Referência em Doenças do Amianto, resultado de um convênio com o Hospital Monte Sinai, de Nova Iorque.