Parque Trianon recebe ação da campanha Amianto Mata
No último dia 25, a Abrea (Associação Brasileira de Expostos ao Amianto) organizou mais uma edição do Domingo no Parque, uma campanha que envolve ações de conscientização em parques ecológicos de São Paulo, e que leva o nome de Amianto Mata. Desta vez, exclusivamente para marcar o aniversário da cidade, a ação aconteceu no feriado, e teve a participação do deputado estadual Marcos Martins, que luta pelo banimento do minério, que, segundo ele, tornou Osasco conhecida como a capital do câncer no Brasil.
O Parque Trianon recebeu os animados participantes, que, com entusiasmo, entregaram panfletos explicativos e bexigas para as crianças. A ação começou às nove horas e se estendeu até às 16h. Não deixamos de lado a seriedade que a causa exige, mas precisamos demonstrar a nossa alegria em participar dessa luta tão importante e transmitir esperança, diz Fernanda Giannasi, coordenadora brasileira da rede Ban Asbestos Network.
A campanha também deverá ser levada a outros parques de São Paulo, porém as datas e os locais ainda não foram confirmados.
Para Giannasi, Marcos Martins tem sido um dos mais importantes políticos deste país a apoiarem o movimento do banimento do amianto e um grande batalhador para que se dê a real visibilidade para o problema em Osasco e região.
No final de 2000, o projeto de lei de Marcos Martins foi aprovado, e o uso do minério foi proibido em Osasco. Essa luta é árdua e urgente. Muitas pessoas já morreram por doenças causadas pelo amianto. Precisamos unir forças e conscientizar a população para que cada um faça a sua parte, ressalta.
Agora, na Assembléia Legislativa, o petista deverá batalhar para que o banimento do amianto ganhe mais notoriedade em todo o Estado, onde também passou a vigorar uma lei que proíbe o amianto, sancionada em maio de 2001.
> O legado do amianto em Osasco
Também conhecido como asbestos, o amianto é uma matéria-prima utilizada por mais de 3 mil produtos industriais no Brasil. A utilização do amianto se intensificou no país na década de 70, sobretudo nos programas de habitação popular. Segundo a Abrea, dá-se a este fator o aumento assustador de casos de câncer entre trabalhadores das fábricas de produtos derivados do amianto.
Em Osasco, por mais de 50 anos duas grandes empresas, a Lonaflex e a Eternit, valeram-se deste minério nocivo como base de fabricação de seus produtos. Ambas tiveram suas atividades encerradas, porém deixaram um legado de mais de 500 vítimas – entre trabalhadores, seus familiares, moradores vizinhos das fábricas, usuários e consumidores de produtos à base do minério -, até agora conhecidas. Daí Osasco ter se tornado popularmente conhecida como a capital do câncer.
Para amenizar os efeitos sociais do uso do amianto no município, a prefeitura de Osasco assinou um convênio com o Hospital Mount Sinai de Nova York e o Queens College, em 1999. Estas parcerias permitiram aos expostos ao amianto um diagnóstico preciso e a disponibilidade de tratamento pela rede pública municipal.
Osasco se mantém na vanguarda dos movimentos sociais contra o amianto, o que revela uma sensível e produtiva cidadania, avalia Marcos Martins.
>Saiba mais sobre a luta pelo banimento do amianto
Ao lado da Abrea (Associação dos Expostos ao Amianto), Marcos Martins, eleito deputado estadual, tem lutado pelo banimento do uso do amianto em Osasco. No final de 2000, com a aprovação de seu projeto de Lei, passou a vigorar no município a lei que proíbe o uso de produtos derivados do mineral.
Desde 1986, casos de doenças graves como câncer pulmonar, de laringe, mesotelioma, entre outros, são atribuídos ao uso do produto. Nesse período foi criada, através do conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama), uma comissão para estudar os riscos ambientais causados pelo amianto em todo o país. De lá para cá, muitas são as pessoas engajadas no seu banimento, como a jornalista gaúcha Eliane Brum, o engenheiro químico norte-americano Barry Castleman e a pesquisadora inglesa Laurie Kazan-Allen, homenageados pela Câmara de Osasco em abril de 2005, assim como a engenheira Fernanda Giannasi, coordenadora brasileira da rede Ban Asbestos Network, que em diversos momentos atua em parceira com Marcos Martins em Osasco.
Ciente da atual situação de Osasco, que se tornou conhecida como a capital das vítimas de câncer provocado pelo amianto, Marcos Martins continua seu combate ao uso do produto, o que tem sido exemplo para outros municípios como Jandira, Bauru e São Paulo, além de outros Estados, que já proibiram o uso do mineral.
> O mundo contra o amianto
Em todo o mundo, 35 países já baniram o amianto. São eles: Austrália, Alemanha, Arábia Saudita, Argentina, Áustria, Bélgica, Burkina-Faso, Chile, Dinamarca, El Salvador, Emirados Árabes, Escócia, Eslovênia, Espanha, Finlândia, França, Grécia, Holanda, Inglaterra, Irlanda do Norte, Islândia, Itália, Lativia, Liechtenstein, Luxemburgo, Noruega, Nova Zelândia, País de Gales, Polônia, Portugal, Principado de Mônaco, República Checa, República da Irlanda/Eire, Suécia e Suíça.
No Brasil, os Estados que já aprovaram leis contra o uso do amianto são: São Paulo – (Lei 10813 de 24/05/2001); Rio de Janeiro – (Lei 3579 de 07/06/2001); Rio Grande do Sul – (Lei 11643 de 21/06/2001) e Mato Grosso do Sul – (Lei 2210 de 05/01/2001, regulamentada pelo Decreto 10.354 de 7/5/2.001).
E os municípios que também já aprovaram leis de banimento do amianto são: São Paulo – capital, Osasco, Bauru, Jacareí, Amparo, Taboão da Serra, Embu das Artes, São Caetano do Sul, Ribeirão Preto, Mogi Mirim, Campinas, Bagé (Rio Grande do Sul).
Fonte: Abrea (Associação Brasileira dos Expostos ao Amianto)