Osasco faz primeira audiência para discutir pedágio no Rodoanel

Apesar da ausência do Secretário de Transportes do Estado, Mauro Arce, e do diretor Geral da Artesp (Agência Reguladora de Transporte do Estado de São Paulo), Carlos Eduardo Sampaio Doria, a Câmara de Osasco realizou audiência pública, no dia 17 de outubro, para discutir o pedagiamento no trecho oeste do Rodoanel Mario Covas. A atividade contou com a participação do deputado estadual e coordenador da Frente Parlamentar que discute o assunto na Assembléia Legislativa, Marcos Martins (PT), de diversos setores da sociedade civil, de parlamentares da região e de representantes dos poderes públicos das cidades que serão afetadas pela implantação de 16 praças de pedágios ao longo dos 32 km da rodovia. Para o vereador Aluisio Pinheiro (PT), a audiência é ferramenta para que a população possa tomar conhecimento sobre as ações do governo paulista. E refutou que a iniciativa tenha caráter partidário. “Não precisa ser um especialista para saber que os pedágios vão acarretar danos às cidades e aos munícipes. E todos os vereadores de todos os partidos sabem disto. Aqui em Osasco temos conversado com todos os parlamentares, inclusive com os três do PSDB. Afirmando sempre que essa é uma luta suprapartidária e que tem a finalidade de defender os interesses da população”. Outros vereadores da região também não esconderam a insatisfação com a medida. O vereador de Cotia Toninho Kalunga revelou durante a audiência, que “a medida do governo é inaceitável”, tanto que “vereadores da região do partido do governo, são contrários ao pedágio e têm apoiado indiretamente as manifestações”. Ele citou que algumas Câmaras Municipais da região já aprovaram Moções de repúdio com o apoio destes vereadores. O vereador de Taboão da Serra Wagner Eckstien, os vereadores de Osasco, Sônia Rainho e Nelson Batista, todos do PT, engrossaram o coro de repúdio ao pedágio. “Mais uma vez o governo do Estado vai onerar o bolso do contribuinte e prejudicar economicamente as cidades cortadas pelo Rodoanel”, esbravejou Sônia Rainho. Diversos setores da sociedade também fizeram manifestações contrárias à iniciativa da Secretaria de Transporte do Estado. “Cria-se o Rodoanel para facilitar a vida das pessoas, a vida dos caminhoneiros. Com o pedagiamento, o sonho acabou. Agora os trabalhadores terão de cortar as cidades, enfrentar os enormes congestionamentos e horas a fio no trânsito. Volta o estresse e a estafa. Para falar a verdade, não temos esperanças nas políticas públicas do atual governo do Estado de São Paulo”, lamentou Carlos Alberto Quissi, presidente do Simtratecor (Sindicato dos Trabalhadores no Transporte de Cargas de Osasco e Região). Na ocasião, o movimento Mobilize-se, através de seu coordenador, José Monção, entregou ao deputado Marcos Martins um abaixo-assinado com cerca de 2 mil assinaturas contra ao pedágio no Rodoanel. As prefeituras corroboraram as críticas. O Secretário de Serviços Municipais de Osasco, João Góis, responsável pelo trânsito da cidade, avaliou que com o pedágio no Rodoanel a cidade vai se tornar naturalmente rota de fuga para escapar da cobrança. Ele revelou que os investimentos para melhorar o trânsito no município nos últimos anos pode ter sido em vão. “A prefeitura de Osasco investiu muito na malha viária, nas sinalizações e na redução de acidentes. Com o pedágio estes investimentos não surtirão efeitos. O município não suportará o aumento na circulação de veículos. Será um caos”. O Secretário de Transportes de Taboão da Serra, Carlos Andrade, considera o pedágio um “caixão”. Segundo ele, apenas quem se beneficia com as praças de pedágio são as concessionárias que compram rodovias. De acordo com ele, Taboão da Serra deve ficar isolada dos outros municípios. A via atualmente é principal elo entre a cidade e outros municípios da região oeste de São Paulo. “A solução para impedir a instalação dos pedágios é mobilização popular”. É desta forma que o deputado estadual Marcos Martins acredita que seja possível reverter a medida. “Conclamamos a adesão da população, dos empresários, dos movimentos sociais, dos sindicatos, para vencermos esta batalha contra a instalação de pedágios no Rodoanel”. O deputado divulgou a adesão de deputados de outros partidos à Frente Parlamentar que ele coordena. “Esta é uma luta suprapartidária. Hoje, a Frente tem deputados do PT, do PDT, do PV e do Psol. Todos compreendem como é ruim para a população de São Paulo o pedágio no Rodoanel”. Ao fim da audiência, diversos questionamentos foram feitos. As perguntas serão encaminhadas em forma de ofício ao deputado Marcos Martins, à Secretaria de Transportes e à Artesp. Outras audiências também foram propostas para ocorrer nas cidades de Tabão da Serra, Cotia e Santo André. As datas para as atividades ainda não foram divulgadas.