Pedágios isolarão a Região Oeste de São Paulo

Não bastassem as praças de pedágio que o Governo do Estado resolveu colocar no Rodoanel, agora ficamos sabendo que o Governador José Serra pretende instalar pedágios na pista central da Rodovia Castelo Branco (trecho São Paulo – Barueri) e também na parte inicial da Rodovia Raposo Tavares, naqueles quilômetros que partem do Butantã, na Capital.

Colocar pedágio na via expressa da Castelo Branco desconsidera conquista dos movimentos sociais como o “Acesso Livre Já” e o “Castelo Livre”, que, entre 2001 e 2003, além de adesivos nos pára-brisas, passeatas e carreatas, faziam o pagamento dos pedágios com moedas de R$ 0,01. Ademais, a implantação dessa praça de pedágio quebra o contrato vigente com a concessionária Viaoeste, que não prevê tal cobrança.

O usuário, que atualmente não paga nada para andar no trecho São Paulo – Barueri da castelo, vai ter de desembolsar R$ 2,80 na ida e R$ 2,80 na volta, ou R$ 5,60 por dia. Em média no mês será desembolsado R$ 140,00 e, no ano, R$ 1.680,00. É mais do que o IPVA de um carro popular.

Se, no mesmo dia, o veículo passar pelo Rodoanel privatizado e pagar R$ 3,00 na ida e R$ 3,00 na volta, conforme prevê o edital de licitação lançado pela Agência Reguladora de Transportes do Estado de São Paulo (Artesp) em janeiro último, desembolsará mensalmente mais R$ 150,00. Computados, portanto, os novos pedágios da Castelo e os do Rodoanel, gastar-se-ão R$ 290,00 no mês, perfazendo R$ 3.480,00 no ano.

Caso o veículo, para completar sua viagem, utilize o trecho inicial da Raposo Tavares, lá irão mais cerca de R$ 2,80 na ida e R$ 2,80 na volta, ou R$ 5,60 por dia. Em média no mês serão desembolsados mais R$ 140,00 e, no ano, R$ 1.680,00. Tudo somado (Castelo Branco, Rodoanel e Raposo Tavares), dá nada menos que R$ 5.160,00 em um ano. Com esse valor é possível comprar uma boa motocicleta zero km!

Os pedágios também isolaram as cidades, pois boa parte da população de Santana de Parnaíba, Barueri, Carapicuíba, Cotia, Taboão da Serra e Embu das Artes, Itapevi, Jandira, entre outras, utilizam as rodovias, que serão pedagiadas, para chegar à Capital paulista para trabalhar ou estudar.

Embora o Governo Estadual não tenha realizado pesquisas para aferir conseqüências, sabe-se, por experiências semelhantes e face aos valores acima, que muita gente vai fugir dos pedágios. Segundo Roberto Granero, vice-presidente do Sindicato das Empresas de Transporte do Estado, “ao menos 30% dos caminhões que hoje utilizam o Rodoanel devem voltar a usar as Marginais”.

Efeitos danosos das fugas, entretanto, serão sofridos principalmente pelos municípios de Osasco, Barueri, Carapicuíba, Cotia, Taboão da Serra, além de outras cidades da Região Oeste, pois o trânsito será transferido para dentro dessas cidades.

Não ficaremos paralisados por tal cerco à Zona Oeste. Desde o ano passado Frente Parlamentar que discute o Pedagiamento do Rodoanel e o Movimento Rodoanel Livre realizam diversas atividades que visam impedir a instalação dos pedágios. E o mesmo movimento estuda medidas legais e judiciais cabíveis contra os pedágios que agora querem nos impor também nas Rodovias Castelo Branco e Raposo Tavares.