Por uma Escola Superior de Restauração
Por meio de parceria entre as Secretarias de Cultura e de Desenvolvimento, Trabalho e Inclusão, a Prefeitura de Osasco lançou, em março de 2007, projeto de restauro do Museu Municipal Dimitri Sensaud de Lavaud. Durante quase um ano, sessenta jovens cadastrados pelo serviço de intermediação de mão de obra da Prefeitura receberam a capacitação profissional necessária e, coordenados por especialistas, reabilitaram o principal patrimônio histórico da cidade em troca de remuneração mensal por programa do tipo Bolsa Trabalho.
Entusiasmada, Michele Cristina da Silva, moradora do bairro Portal I e aluna do ensino médio, dizia quando da sua entrada no projeto em 2007: o que me chamou a atenção foi o fato de ser um curso diferente; tenho expectativa de aprender uma profissão e seguir carreira. Já seu colega Diego Benfica Ferreira, do Jardim Veloso, registrou: achei ótima a idéia de unir o resgate do Museu com a capacitação de jovens. Espero conquistar meu espaço profissional.
No canteiro-escola, as aulas teóricas e práticas contemplaram diversas áreas como museologia, história da arte, construção civil, paisagismo, acessibilidade, prevenção e segurança.
Agora, em fevereiro de 2008, o prefeito Emidio de Souza, em seu discurso de entrega da obra, salientou a importância da qualificação profissional: acolhemos jovens que estavam desacreditados, sem esperança, e demos grande oportunidade a todos. Foi com alegria que recebi a notícia de que um deles, que trabalhou no restauro das peças de madeira, já foi contratado por grande e tradicional empresa de recuperação de violinos.
Para os jovens restauradores, além do orgulho de ter participado do projeto, vários pensam em complementar os estudos na área, como Marilda Maria dos Santos, de 19 anos, moradora do Portal I: quando chegamos aqui, nunca poderia imaginar como o museu ficaria após nosso trabalho; é muito gratificante passar aqui em frente, agora, e saber que fiz parte desse processo. Se tiver oportunidade, quero continuar estudando nessa área.
Pois bem. É à luz dessa experiência da Prefeitura de minha cidade e de contatos com antigo profissional do setor, o Professor Márcio Antonio Leitão, que acabo de dar entrada, na Assembléia Legislativa, a projeto de lei que cria a Escola Superior de Restauração, que se aprovado, será o primeiro centro de formação intensiva especializada nessa área no Estado de São Paulo e no Brasil.
Comporiam a grade curricular da Escola, disciplinas como: Iniciação ao restauro; História das artes; Materiais empregados nos diversos tipos de restauração; Química aplicada; Introdução ao Direito Civil e Criminal; Condephaat, Iphan e outros órgãos reguladores; Legislação de incentivo cultural; Visitas técnicas, laboratórios, simulações e ensaios. As especializações poder-se-iam dar em: Madeiras; Pintura de cavalete; Pintura mural; Tecidos; Papéis; Estatuária; Vitrais artísticos; Adereços; Monumentos públicos; Fundições; Edificações antigas.
Dessa forma, o Estado criaria mais uma opção permanente de campo de trabalho, respondendo à demanda como a dos jovens acima e de incontáveis projetos de restauração que se iniciam país afora. A História e a Cultura agradeceriam.