Pedágios devem trazer prejuízos à Região Oeste

Os pedágios trarão prejuízos a toda região oeste, sem contraponto de desenvolvimento comercial ou crescimento. Essa foi a conclusão dos participantes do 1º Seminário sobre os Impactos que os Pedágios Trazem para as Cidades da Região Oeste, realizada no dia 26 de maio, organizado pela Frente Parlamentar da Assembléia Legislativa de São Paulo que discute os pedágios no Rodoanel e o Movimento Rodoanel Livre realizaram.

O evento avaliou os efeitos da cobrança à economia, ao meio ambiente e ao planejamento urbano das cidades da Região Oeste da Grande São Paulo cortadas pelas rodovias Castello Branco, Raposo Tavares, Anhanguera, Rodoanel, Bandeirantes e Régis Bittencourt. A atividade ocorreu no campus da Uniban, em Osasco.

Especialistas sobre o tema, membros de associações de empresários e representantes dos trabalhadores de transporte de carga participaram e não esconderam a preocupação que a instalação de novos pedágios traz à região.

Entre palestrantes estavam o Coordenador do Fórum de Desenvolvimento Econômico Sustentado de Osasco e Região, Antonio Jardim, o Presidente do Sindicato dos Trabalhadores de Transporte de Cargas, Carlos Quissi, o assessor em transporte da Assembléia Legislativa, Evaristo Almeida e o deputado estadual Marcos Martins. Representantes da Artesp (Agência Reguladora de Transportes de do Estado de São Paulo) foram convidados, mas em comunicado disseram que não poderiam participar do evento devido a outros compromissos.

Durante Seminário, conduzido por Valdir Fernandes, o Tafarel, membro do Movimento Rodoanel Livre, os expositores criticaram severamente a onda de pedágios propagada na região.
“A implantação de pedágios nas rodovias que interligam a Capital paulista ao Oeste do Estado vai isolar as cidades da Região Oeste da Grande São Paulo”, reclamou o deputado Marcos Martins. “Caso os munícipes queiram ir a São Paulo terão que pagar pedágio ou utilizar as vias das cidades. E estas já não suportam a sua própria frota. Os congestionamentos vão aumentar significativamente, trazendo sérios prejuízos ao planejamento urbano destes municípios”, completou.

Para Evaristo Almeida, o programa de privatização do governo do Estado tem se preocupado em arrecadar fundos de todas as formas, não se importando com os prejuízos às cidades ou aos contribuintes. “As rodovias paulistas há 25 anos estão sem investimentos. Com isto veio a idéia neoliberal, no governo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, a partir de 1996, no Estado de São Paulo, de conceder as rodovias para iniciativa privada como a única solução dos problemas. Desta proposta foram privatizados 3.500 km de estradas; aumento real da tarifa nos últimos 10 anos de 200%, pedágio mais caro do país; 168 municípios afetados, entre eles as cidades da região; falta de controle social”, explicou.

O Coordenador do Fórum Econômico, Antonio Jardim, avalia que os empresários devem repassar os valores do pedágio ao frete e não sentirão tanto o impacto como outros usuários. “A cobrança do pedágio terá impacto nos custos da produção em geral, não só para quem utiliza as rodovias, pois os valores dos fretes serão repassados para os produtos. Comerciantes, trabalhadores, estudantes com certeza sentirão mais os custos. Já as empresas de logísticas terão condições de absorver os custos, pois repassarão para os preços dos fretes”, comentou.

Já Carlos Quissi não poupou críticas aos valores pagos pelos caminhoneiros nas estradas paulistas. “Sabe quanto custa fazer uma viagem de uma carreta pela rodovia Anhanguera? R$ 256,00. É um abuso. E muitas vezes o empresário não quer pagar o valor, então o trabalhador tem que cortar por dentro das cidades, como Osasco, Carapicuíba, Taboão da Serra, Barueri, entre outras, ficando horas no congestionamento. No fim das contas quem acaba pagando por isto é o trabalhador e o consumidor”, salientou.

Quissi também criticou a medida do prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, de ampliar o rodízio aos caminhões. “Com pedágio no Rodoanel e o rodízio, onde mais de 20 mil de caminhões vão circular?”.

Após o Seminário, a pedido dos participantes, a Frente Parlamentar e o Movimento Rodoanel Livre revelaram que poderão fazer atividades semelhantes em outras cidades da região. A sugerida primeiramente foi Carapicuíba, município mais afetado pela instalação de pedágios na região.