Amianto atormenta cidades do interior paulista causando caos sanitário

Resíduos de amianto e uma mina abandonada do mineral atormentam a vida da população de duas cidades do interior paulista, Avaré e Itapira. Ambas estão apreensivas com a possibilidade de contaminação do meio ambiente e da população devido à exposição ao amianto, material de alto risco à saúde, considerado cancerígeno e apontado pela OIT (Organização Internacional do Trabalho) e pela OMS (Organização Mundial da Saúde) como a “catástrofe sanitária” do século XX. Autoridades que estudam e investigam o amianto fizeram uma diligência, entre os dias 22 e 23 de outubro, às duas cidades para conhecer de perto os problemas. Entre eles, o deputado estadual Marcos Martins (PT-SP), autor da lei 12.684/07 que proíbe o uso do amianto no Estado de São Paulo; o deputado federal Edson Duarte (PV-BA), membro da Comissão de Meio Ambiente da Câmara que analisa o amianto em âmbito nacional; Natália de Mattos Lambert Soares, assessora da deputada Rebeca Garcia (PP-AM), também da Comissão de Meio Ambiente da Câmara; Fernanda Gianasi, fiscal do Ministério do Trabalho e Emprego; e André da Silva Ordacgy, da Defensoria Pública Federal. Lixo tóxico Durante a passagem em Avaré, Comissão participou de audiência pública realizada, no dia 22 de outubro, pela Secretaria de Meio Ambiente do município com a finalidade de encontrar soluções para a retirada de 200 toneladas de resíduos de amianto alojados e abandonados há quase de 10 anos pela Alco, antiga fábrica de pastilhas de freio para veículos. O material encontra-se na região central da cidade, em um galpão deteriorado e desprotegido, pondo em risco os mananciais e a vida dos moradores da região. De acordo com a secretária do meio ambiente de Avaré, Mirthes Yara de Freitas Vieira, o processo contra o antigo proprietário da empresa se arrasta na justiça, o que dificultou a remoção o lixo tóxico. Agora, com o aval do ministério público, ela encampou a luta para levar o material a um aterro sanitário adequado. Mas a retirada do material deve custar cerca de R$ 150 mil reais aos cofres públicos, recursos que a prefeitura não dispõe. “A Câmara Municipal de Avaré aprovou a destinação de R$ 40 mil do orçamento da cidade para a remoção do material, mas a iniciativa esbarrou, em 2003, em empecilhos jurídicos. Agora retomamos a proposta feita pela Câmara e vamos solicitar dos empresários, comerciantes, entidades e do governo do Estado auxílio para alcançarmos os R$ 150 mil e retirar este lixo de nossa cidade”, mencionou a Secretária. Mina de Amianto Em Itapira, a Comissão participou de reunião na Câmara Municipal da cidade para tomar nota a respeito de como estão as condições da mina de anfibólio (tipo mais nocivo de amianto e encontrado apenas no Brasil e na Finlândia) fechada em 1999, depois que o Ministério Público constatou irregularidades na extração do mineral e os danos que traria a saúde dos trabalhadores e dos moradores que viviam perto do local. Os membros da comissão se digiram ao local e sobrevoaram a mina. Para o deputado Marcos Martins, a natureza cuidou de isolar local, mas salientou que é necessário um estudo para analisar se a parte que ainda está exposta não traz perigo à saúde. “Durante o vôo, percebemos que o local ficou ilhado por árvores que nasceram ao redor da mina. No entanto, existe uma parte ainda aberta e a poeira proveniente dela pode trazer risco à vida das pessoas que residem ali perto. É preciso que a Cetesb faça um estudo para saber se há algum perigo de contaminação”. O deputado federal Edson Duarte ficou surpreso com as informações que colheu durante diligência. “Estamos caminhando pelo país para colher dados técnicos e realizamos um diagnóstico sobre a situação do país perante o amianto. E certamente estas situações encontradas em Avaré e Itapira serão relatadas e servirão para que tenhamos um posicionamento a respeito deste mineral que tem tirado o sono das cidades do interior de São Paulo e de muitas outras do Brasil”.