Deputados paulistas acusam Serra de dificultar apuração do acidente no Rodoanel

Especialistas apontam falhas graves na construção do Trecho Sul da rodovia e deputados avaliam que acidente tem semelhança com desabamento da linha amarela do metrô, em 2007.

Na manhã desta quinta-feira, uma comissão formada por 11 deputados paulistas visitou o local onde ocorreu o desabamento de três vigas no Trecho Sul do Rodoanel, no Km 279 da rodovia Regis Bittencourt. O deputado Marcos Martins (PT), que integra a comissão, fez questão de ver de perto a situação. Assim como ele, os demais deputados, Rui Falcão(PT), Antonio Mentor (PT), Zico Prado (PT), Carlos Almeida (PT), Adriano Diogo (PT), Enio Tato (PT), Beth Sahão (PT), Carlos Gianasi (PSOL), Pedro Bigardi (PcdoB) e Gilmaci Santos (PRB) acusam o governador José Serra de tentar dificultar a apuração do acidente.

Na última sexta-feira, dia 13, três vigas caíram sobre veículos que trafegavam no local, deixando três feridos.

Durante a visita, os parlamentares conversaram com técnicos do IPT (Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de SP) que faziam análise dos escombros. Os deputados questionaram os técnicos, que alegaram ainda não terem concluído a investigação.

A bancada petista da Alesp acionou o Ministério Público para ajudar na investigação, já que não foi instaurada CPI.

“É simplesmente absurdo o que houve [o acidente no Rodoanel]. E tentar impedir uma apuração minuciosa, detalhada e transparente só demonstra ainda mais o descaso do governo paulista para com a população”, disparou Marcos Martins.

Diante do acontecido e frente a informações técnicas de irregularidades, o CREA-SP (Conselho Regional de Engenharia e Agronomia de São Paulo) deverá inspecionar todas as cerca de 2 mil vigas instaladas por todo trecho sul do Rodoanel, obra que tem data prevista para entrega em março do ano que vem.

Segundo a entidade, o correto seria terem instalado cinco e não apenas quatro vigas onde houve o desmoronamento. O que para o CREA-SP foi um grave erro de engenharia, e avaliará se as vigas utilizadas no trecho possuem as mesmas características e ainda quais pertencem ao mesmo lote daquelas que desabaram.

Peritos do Dersa (Desenvolvimento Rodoviário S.A.), responsável pela obra, também integrarão a equipe de técnicos da entidade.

O TCU (Tribunal de Contas do Estado e da União) também apontou irregularidades, e destacou haver problemas com os materiais utilizados na obra, avaliados como de baixo valor.

Os deputados que vistoriam a obra, acreditam haver semelhança com a obra do Metrô que também desabou em janeiro de 2007, no que diz respeito a modificações no projeto, aceleração no processo de construção da obra, e acusam o governo tucano de correr com as obras do Rodoanel com intuito de inaugurar o novo trecho antes das eleições do próximo ano.

Outro ponto chave apontado pelos deputados, é a terceirização da fiscalização da obra, feita por cinco empresas privadas e não pelo estado, através da Dersa. “Colocar empresas privadas para fiscalizarem esta obra, é o mesmo que colocar raposas para vigiar galinhas”, disparou Marcos Martins.

Segundo apurou o jornal O Estado de São Paulo, o governo paulista adiantou 90% do dinheiro, sendo que até agora, concluiu-se apenas 70% da obra. Na avaliação do deputado Marcos Martins, “não há outra explicação para a aceleração da obra de forma irresponsável, senão as eleições”.