Mapear para sanar: site que mapeia 300 casos de injustiça socioambientais é apresentado na Assembleia

O funcionamento do site que mapeia 300 casos de injustiças sociais no Brasil foi apresentado quarta-feira, 29, no auditório do prédio anexo da Assembleia Legislativa. Só em São Paulo são 30 casos de injustiça social identificados. A intenção do Mapa da Injustiça Ambiental e Saúde no Brasil é identificar e monitorar os conflitos que envolvem injustiça ambiental e saúde no país, tanto nas áreas urbanas como nas rurais ou costeiras.

Marcelo Firpo, coordenador geral do projeto e pesquisador da Escola Nacional de Saúde Pública Sérgio Arouca (Ensp/Fiocruz), contou durante sua exposição que o termo ‘mapeamento’ foi cunhado entre os anos 60 e 70 nos Estados Unidos, período em que as lutas trabalhistas despontavam para questionar o porquê dos benefícios trazidos pelo trabalho eram proporcionados aos patrões, deixando aos trabalhadores apenas os riscos de doenças ou morte durante a jornada de trabalho.

Para ilustrar a questão, os palestrantes relembraram da luta contra a produção de mercadorias que contenham amianto, substância cancerígena que já foi bastante utilizada em telhas e tubulações antes que o deputado Marcos Martins entrasse com a lei 12.684/2007 para proibir seu uso. No entanto, há um forte lobby a favor do uso da substância, regido pelo deputado Waldir Agnello (PTB), que desde o início do ano representa na Assembleia um projeto de revogação da lei que inibe o uso do amianto.

“O Mapa da Injustiça Ambiental e da Saúde do Brasil certamente será utilizado pelos parlamentares para que possamos fiscalizar os danos socioambientais. Existem muitas empresas que não se importam com o ambiente e com a vida humana. O Mapa será uma importante ferramenta para saber quem são estas pessoas”, garantiu o deputado Marcos Martins.

A representante da ONG Fase, Mabel Faria, falou que o Mapa é um instrumento político que vai fortalecer as lutas contra as injustiças, a favor dos direitos humanos. Ela ressaltou que o Mapa é construído a partir das demandas da população cujos direitos foram feridos ou negados. Ainda segundo ela, o Mapa pretende ser dinâmico, atualizado constantemente, inclusive pela população, que pode entrar no site e exprimir opiniões ou fornecer novas informações sobre os casos listados clicando no item “Fale Conosco”.

O Mapa como instrumento democrático de luta contra as injustiças de saúde e socioambientais também foi um ponto abordado por Tânia Pacheco, da Coordenação Executiva do projeto. Ela frisou a importância das pessoas se ‘apossarem’ do Mapa, ou seja, cuidarem dele, contribuindo e acompanhando o site para garantir sua permanência e continuidade.

Participantes da ABREA, Associação Brasileira dos expostos contra o Amianto, participantes da luta contra o mercúrio e interessados estiveram presentes no evento.

Homenagem é feita às vítimas dos acidentes no trabalho

Ao fim do evento os presentes fizeram um minuto de silêncio pela memória das vítimas dos acidentes de trabalho. Relembraram de Aquilino, primeira vítima do Amianto, e de tantos outros que se foram por causa das condições insalubres às quais estiveram expostos.

Dia 28 de abril é o dia das vítimas de acidentes ou doenças de trabalho, instituído como lei (Lei nº 11.121/2005).

Fernanda Giannasi, do Ministério do Trabalho, homenageou as vítimas com a frase de Karl Marx: “Os filósofos se limitam a interpretar o mundo de maneiras diferentes. O fundamental é transformá-lo”.