Suplicy alerta para os perigos do amianto e quer proibir uso da substância
Os malefícios causados pela utilização indiscriminada de amianto já são conhecidos. Paralisia pulmonar e diversos tipos de cânceres são algumas das doenças apontadas pelo Instituto Nacional do Câncer (Inca). Entretanto, o Brasil ainda permite a exploração desse material.
Para mudar esse quadro, o senador Eduardo Suplicy (PT-SP) reapresentou um projeto de lei (PLS 371/2011) que visa proibir a extração, transporte, armazenamento, industrialização e uso da substância.
Vítimas
O parlamentar justificou o projeto lembrando que as pessoas mais suscetíveis a sofrer com problemas de saúde por causa do amianto são os trabalhadores que lidam com a substancia e os respectivos familiares, os moradores das imediações dos locais de extração, beneficiamento ou industrialização, além dos usuários dos produtos. Ele explicou que o material pode ser facilmente aspirado.
“A fibra do amianto pode ser fragmentada em partículas microscópicas, o que facilita a sua aspiração. Ademais, a indestrutibilidade que o amianto apresenta no ambiente externo é mantida no organismo. Uma vez captada e incorporada, nunca mais a partícula é eliminada pelo organismo”, disse.
A Organização Internacional do Trabalho (OIT) estimou que o número de mortes ocorridas em função do uso do amianto deve girar em de 100 mil por ano em todo o mundo. E um estudo da Rede Brasil Atual calculou que até 2030 podem morrer 1 milhão de pessoas em decorrência de doenças provocadas ou relacionadas à exposição desse material.
Números que contribuíram para que a substância fosse proibida em algumas regiões do globo terrestre. Atualmente, mais de 50 países já aprovaram legislação que proíbe a exploração do amianto. Entretanto, um levantamento realizado pela BBC em parceria com o Consórcio de Jornalitas Investigativos revela que apesar de proibida a substância continua sendo usada em larga escala, especialmente do amianto branco.
No Brasil, os estado de São Paulo, Rio de Janeiro, Pernambuco, Rio Grande do Sul e Mato Grosso também possuem leis com a finalidade de coibir a industrialização, o comércio e o uso de produtos de amianto nos seus territórios. Mas como alertou o senador Suplicy no projeto, elas não têm validade.
“Essas leis não surtiram efeito, pois o Supremo Tribunal Federal considerou-as inconstitucionais, visto que é competência privativa da União legislar sobre jazidas, minas e recursos minerais”, destacou.
Para o deputado Marcos Martins, autor da Lei 12.684, que proíbe o uso do amianto no Estado de São Paulo, o PLS 371/2011 do senador Suplicy é importante porque fortalece a luta pelo banimento do amianto no país. No entanto, o deputado discorda da avaliação do senador de que as leis estaduais são inconstitucionais. A Lei 12.684 recebeu, em 2007, ação de inconstitucionalidade (adin) da CNTI (Confederação Nacional dos Trabalhadores da Indústria), na qual o Supremo Tribunal Federal (STF) negou liminar, em 04/06/2008, validando nossa lei enquanto o mérito da questão seja analisado pelo Planário da Casa. Portanto, o Supremo considerou nossa lei constitucional por legislarmos na defesa da saúde, uma competência dos Estados. A lei não só funciona em nosso estado como estamos próximos de banir esta substância pra sempre, explicou.
O senador ainda observou que alguns empresários e industriais sustentam que as doenças causadas pelo produto podem ser prevenidas com o uso seguro. Ideia refutada por Suplicy.
“Embora as autoridades trabalhistas estabeleçam limites classificados como “de tolerância”, o que enganosamente sugere que há segurança para os trabalhadores, estudos epidemiológicos evidenciam que não existe limite seguro de exposição”, justificou.
Tramitação
O projeto apresentado no dia 30 de junho deve passar pelas comissões de Constituição e Justiça (CCJ), Assuntos Sociais (CAS) e de Serviços de Infraestrutura (CI).
Originalmente a matéria foi apresentada pela então senadora petista Serys Slhessarenko (MT) na legislatura passada. Mas com a saída da senadora, após o cumprimento do mandato, o projeto foi arquivado.
Na justificativa do projeto, Suplicy que após ser procurado por representantes da Associação Brasileira dos Expostos ao Amianto (Abrea) e da Rede Virtual-Cidadã pelo Banimento do Amianto na América Latina, Eliezer João de Souza e Fernanda Giannasi, ele tentou desarquivamento, mas o prazo para isto já estava vencido. Então, ele fez algumas pequenas alterações e o reapresentou.
O deputado Marcos Martins se reunirá com Suplicy, quando esclarecerá sobre os processos os quais as leis referentes ao banimento do amianto sofrem no país e como o parlamentar poderá contribuir com o PLS do senador.
Fonte: Assessoria de Imprensa da Liderança do PT no Senado com Assessoria de Imprensa do mandato do deputado Marcos Martins