Cientistas já identificaram como amianto causa câncer
Um dos maiores mistérios da ciência, há muito se sabia que o amianto causava câncer, mas não como. A questão está próxima de ser solucionada, abrindo caminhos para descobertas de tratamentos especiais para este tipo de cancro, trazendo respostas positivas para quem sofre desta doença.
É de conhecimento público que o mineral, encontrado em materiais de construção principalmente, era responsável pelo desenvolvimento da mesotelioma, um câncer maligno que já fez inúmeras vítimas no Brasil e no mundo, levando legisladores a proibir o uso da substância em diferentes terrítórios, como em São Paulo, onde a lei 12.684, de autoria do deputado estadual Marcos Martins, inviabilizou, inclusive, a comercialização do asbesto no Estado, tendo seu texto sido utilizado como base para outros projetos similares no país.
Mas a grande pergunta para a ciência ainda era como o amianto causava o câncer, já que as fibras de amianto matam as células humanas, deixando a interrogação de como uma célula morta pode crescer e formar um tumor, pergunta esta que fez inúmeros pesquisadores, nos últimos 40 anos, entaram resolver este que é chamado o “paradoxo do amianto.”
Morte celular programada
Agora eles obtiveram a resposta, que aparece em um estudo publicado na última edição da revista científica Proceedings of the National Academy of Sciences.
Haining Yang e Michele Carbone, da Universidade do Havaí, lideraram uma equipe de cientistas que incluiu colaboradores das universidades de Nova Iorque, Chicago e Pittsburgh, todas nos Estados Unidos, além da Universidade San Raffaele de Milão e do Imperial College em Londres.
O grupo descobriu que, quando o amianto mata as células, ele o faz através da indução de um processo chamado morte celular programada, ou apoptose, que libera uma molécula chamada HMGB1 (High-Mobility Group Box 1 Protein).
A HMGB1 inicia um tipo particular de reação inflamatória que provoca a liberação de agentes mutagênicos e fatores que promovem o crescimento do tumor.
Diagnóstico e tratamento do mesotelioma
Os pesquisadores descobriram que pacientes expostos ao amianto têm níveis elevados de HMGB1. Desta forma, defendem os cientistas, pode ser possível usar a HMGB1 como um alvo para prevenir ou tratar o mesotelioma.
Além disso, pode ser possível identificar grupos populacionais que foram expostos ao amianto por meio de simples testes sorológicos que meçam os níveis da proteína HMGB1.
Para testar suas hipóteses, os cientistas planejam agora realizar um teste clínico em uma região na Capadócia, na Turquia, onde 50% da população morre de mesotelioma maligno. Se os resultados forem positivos, a abordagem será alargada a duas coortes de indivíduos expostos ao amianto nos Estados Unidos.
Inflamação e câncer
Esta pesquisa destaca o papel da inflamação na origem de diferentes tipos de cânceres e fornece novas ferramentas clínicas para identificar os indivíduos expostos, além de potencial para evitar ou diminuir o crescimento do tumor.
Os cientistas especulam se seria possível impedir o surgimento do mesotelioma, assim como do câncer de cólon, simplesmente tomando aspirina ou drogas similares, que interrompem os processos inflamatórios. Eles pretendem testar também esta hipótese.
Fonte: com Redação do Diário da Saúde