Crise nos planos de saúde?

Temos acompanhado nas últimas semanas o descaso da saúde complementar (planos de saúde) junto aos clientes.
Em resposta, a Agência Nacional de Saúde (ANS) suspendeu a comercialização de 301 planos oferecidos por 38 operadoras. A sanção é resultado do não cumprimento das normas da ANS pelas empresas, que determinam prazos máximos para atendimentos em consulta, exames e internações. O quadro se agrava mais quando revelada a alta nas reclamações de usuários: entre junho e setembro, a Agência atendeu 10.144 queixas, contra cerca 4,6 mil do trimestre anterior. A medida, que não afeta os usuários, prevê que as operadoras não poderão agregar mais beneficiários se não atenderem de forma digna os que já possuem contrato.
A mudança já era esperada, já que estamos falando de vidas. Ainda que o mercado seja de prestação de serviço, ele não pode coisificar a saúde, reduzir o seu significado à experiência de utilidade de um objeto, por mais que saibamos que na outra ponta da argumentação esteja o desejo de obtenção de lucro à base do mais com menos, mecanismo explícito pelo aumento das vendas mesmo quando não ampliado o número de leitos.
Mas a medida da ANS não pode ser a única resposta. Para tal, a discussão deve se alongar e contar com a participação popular, como no seminário realizado na Alesp pelo Instituto do Legislativo Paulista (ILP), Associação de Consumidores Proteste e o Instituto Ágora.
A reflexão é fundamental e precisa continuar para evitar que o descaso resvale na saúde pública, que tem recebido constantemente usuários dos planos de saúde, e que em muitos casos não é ressarcida por parte das empresas por tal atendimento.