Marcos Martins concede entrevista ao Diário da Região

Crédito: Assessoria de Imprensa

Deputado estadual em seu segundo mandato, a área da Saúde tem sido prioridade para o petista Marcos Martins. Presidente da Comissão de Saúde na Assembleia Legislativa, é uma das figuras políticas da região que investiu seus esforços para a implantação de um Centro Oncológico em Osasco, obra garantida pelo governador Geraldo Alckmin. Na entrevista a seguir, o parlamentar destaca a trajetória dessa e de outras ações na área, além de abordar os passos do Partido dos Trabalhadores no estado de São Paulo.

 

No último fim de semana, o governador Geraldo Alckmin confirmou a instalação de uma unidade do ICESP (Instituto do Câncer do Estado de São Paulo) em Osasco. O senhor fez parte de um antigo movimento que reivindicava o serviço. Fale um pouco a respeito.

Há 16 anos temos uma luta de banimento do amianto, que é um produto cancerígeno. E veio essa demanda da ABREA (Associação Brasileira dos Expostos ao Amianto) por um local para tratamento das vítimas. Com o decorrer do tempo, descobrimos o grupo OncoVida, de Osasco, que faz acompanhamento de vítimas de câncer para fazer o tratamento em São Paulo. Em 2009 decidimos fazer um abaixo assinado, visitamos o Bispo Dom Ercílio para pedir apoio, assim como de pastores, além da ABREA, sindicatos, movimento de mulheres, e isso foi crescendo e coletamos assinaturas por muito tempo. Seja no calçadão de Osasco, nas feiras livres. É uma luta de muito tempo, depois tivemos novos apoios, até mesmo outros políticos abraçaram a causa. Como o câncer é uma doença que não tem partido é muito importante que todo mundo se empenhe. Não é uma cobrança de agora.

 

O governo do estado optou por um prédio existente ao invés de construir um novo. O senhor concorda com essa decisão?

O ideal é um Hospital do Câncer, com tudo equipado e prédio próprio. Mas sabemos que tudo que é feito é tirado da cobrança, da pressão, as coisas acontecem por passos. Gostaria que fosse algo mais avançado, mas o fato de já ser implantado é uma conquista para a população e espero que seja o mais rápido possível. Foi anunciado, mas nem tudo que é anunciado se concretiza rápido. Foi assim com o Poupatempo, que demorou muito tempo para ser implantado, tinha muita resistência, muita gente contra. A informação que eu tenho é de que será um prédio na Vila Yara que já funcionou na área da Saúde. Não existe prazo de entrega, ou de início [das obras], mas vamos verificar em que estágio está a tramitação, as adequações, a compra – ou o aluguel – do local.

 

Por quê essa resistência contra a implantação do Poupatempo de Osasco?

Tivemos que vencer barreiras. Alegavam que o lugar não era adequado, que precisava ser no centro, mas não havia local no centro e quem tinha escolhido aquele local foi justamente o representante do governo do estado porque quem implanta o Poupatempo é o estado, mas a prefeitura ajudou.

 

Praticamente todos os candidatos a prefeito destacaram a implantação de um Hospital Oncológico em Osasco, inclusive o prefeito Jorge Lapas. O senhor imaginava um respaldo tão imediato?

São muitos anos de luta e, desde o começo, fazíamos essas reivindicações. Víamos o sofrimento e a angústia das pessoas que tinham que passar pelo tratamento e passamos a cobrar dos políticos de uma maneira geral. Quando o Jorge Lapas foi candidato a prefeito, pedimos para incluir a proposta no Programa de Governo para fortalecer a Saúde. Se o governador não atendesse, isso viria mais cedo ou mais tarde. Se não fosse pelo governo do estado, seria pelo governo federal, e haveria cobrança nas duas esferas.

 

O senhor é presidente da Comissão de Saúde na Assembleia Legislativa. Como estão os trabalhos?

Ali temos recebido cobranças de problemas com hospitais ameaçados de fechar, mais demandas de médicos, e realização de audiências públicas para revermos os problemas. O governador deveria comparecer pelo menos, uma vez por semestre para falar de suas ações. Na terça-feira deveremos ter informações da data que ele estará lá porque no semestre passado não esteve presente. Outro problema sério que temos é da expansão da dengue no estado mais uma vez. E precisamos saber o quê o governo do estado está fazendo para enfrentar essa epidemia. Além de outras ações do governo, como a cobertura de vacinas em geral, a demora de consultas, vagas de internações.

 

Como estão as articulações com o governo do estado para oferecer benefícios para nossa região? Cite algumas.

Em emendas parlamentares, trouxemos a UTI infantil, além de mais R$ 1 milhão para aquisição de equipamentos hospitalares para Unidades Básicas de Saúde. Para o parque do Conjunto dos Metalúrgicos, conseguimos a liberação de R$ 700 mil. Também temos cobrado do governador a questão do transporte coletivo, a estação de trem de Osasco não é uma coisa de agora, é uma cobrança antiga. Para a estação de Carapicuíba, nos reunimos com grupos de portadores de necessidades especiais para acelerar a reforma de acessibilidade. Na Saúde, tem o caso do SAMU, que o governo do estado não contribui, fica na responsabilidade do governo federal e dos municípios, assim também como as UPAs (Unidades de Pronto Atendimento), em que o estado não ajuda. Estávamos cobrando o Fórum desde a época em que eu era vereador, uns 15 anos atrás, e agora o governador avisou que vai ser concluído.

 

No final do ano passado, o senhor disponibilizou um artigo em que critica a segurança pública no estado. O quê o senhor sugere para o setor?

O estado deveria dar mais condições de funcionamento tanto para Polícia Civil quanto Militar. Ter mais Inteligência, investir mais em prevenções, em câmeras de segurança e assumir a responsabilidade de pagamento de aluguéis dos distritos policiais, porque quem paga são as prefeituras. Criaram a tal de Operação Delegada só para iludir os prefeitos mais uma vez porque vai transferir a responsabilidade para os municípios. É um convênio, mas as prefeituras é que pagam pelo trabalho desses policiais que trabalharão em horário de folga. Um trabalho tão perigoso que exige tanta perspicácia e atenção, se o agente estiver cansado fisicamente não vai trabalhar direito em um dos dois lugares. Em vez de dar um reajuste e um salário decente para os policiais por um determinado tempo, estão legalizando o bico.

 

O ex-prefeito Emidio demonstrou interesse em assumir o comando do partido no estado. Qual o seu posicionamento?

Não só o apoio como acho importante porque ele está preparado para dirigir o partido no estado e poderá contribuir muito porque está liberado da prefeitura. A presidência estadual do partido requer tempo integral porque é preciso visitar o estado inteiro, andar muito, e o Emidio está preparado para ter esse desempenho e cumprir esse papel. Espero que ele seja vencedor e que possamos ter um cidadão de Osasco como presidente estadual do PT.

 

Essa tentativa de presidir o PT no estado seria um ensaio para uma possível candidatura do ex-prefeito ao governo do estado?

Acredito que o Emidio tem esse desejo de ser candidato ao governo do estado, e ele terá oportunidade de conhecer mais gente, andar por São Paulo. Certamente não será só ele, tem outros nomes que estão aí para que o partido possa apreciar no momento certo quando as candidaturas forem colocadas. É um nome que pode ser aproveitado.

 

Além de Emidio, a CNB (Construindo um Novo Brasil, grupo interno do partido) tem a opção de incluir o deputado federal Vicente Cândido para disputar a vaga. O deputado João Paulo estaria o apoiando. Isso configura um racha no partido na esfera municipal?

Acho que o João Paulo tem toda a liberdade de manifestar apoio, são todos da mesma corrente, e isso não configura um racha. É um momento do partido e uma política para uma caminhada maior. E como é algo momentâneo, acho que no final as coisas vão dar certo, e todos vão se juntar. Conheço o Vicente, foi deputado junto comigo, é uma pessoa boa também, mas para nós da região, o Emidio seria mais interessante, inclusive para as políticas regionais.