Marcos Martins pede a secretário estadual de Saúde protocolo para pacientes de mercurialismo

Deputado Marcos Martins durante reunião com secretário estadual da Saúde, Guido Cerri/ Crédito: Assessoria de Imprensa

O deputado estadual Marcos Martins (PT) reuniu-se com o secretário de Saúde do Estado, Giovanni Guido Cerri, na terça-feira (12/03), em São Paulo, para discutir proposta de criação de um protocolo de atendimento para pacientes de mercurialismo.

O parlamentar, que é autor do Projeto de Lei (PL) 769/11 – que propõe proibição do uso e armazenamento de produtos que contenham mercúrio nos hospitais públicos do estado, como os termômetros, por exemplo -, pediu o reconhecimento do programa de tratamento para facilitar o diagnóstico da doença e promover pronto atendimento, visto que uma das principais dificuldades enfrentadas pelos pacientes expostos ao mercúrio é o acesso a uma abordagem médica direcionada. “Hoje, o HC (Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo) atende cerca de 450 pacientes com doenças relacionadas ao mercúrio. Enfrentamos ainda outro grave problema, além da própria doença: não temos estatística sobre número de doentes em nosso estado porque ainda falta um protocolo que classifique intoxicados com este metal e falta familiaridade sobre a doença entre profissionais da saúde”, disse.

O presidente da Aeimm (Associação dos Expostos e Intoxicados por Mercúrio Metálico), Valdivino dos Santos Rocha, também presente no encontro, chamou atenção para a relevância da iniciativa a fim de que outras cidades também se beneficiem. “Com o reconhecimento de um protocolo, a secretaria teria como divulgá-lo para que outras unidades de saúde, principalmente no interior, tivessem uma base para o diagnóstico da doença”, afirmou Valdivino.

Em resposta, Giovanni Guido Cerri afirmou que daria encaminhamento à propositura. “Vamos encaminhar e ver como podemos trabalhar melhor a questão, até para levá-lo (protocolo) a outras unidades de saúde e abrir novos pólos de tratamento”, disse e concluiu: “podemos, eventualmente, estendê-lo aos hospitais universitários do Estado”.

Outra questão abordada pelo deputado e também presidente da Comissão de Saúde da Assembleia Legislativa (Alesp) foi a inclusão de tratamento odontológico no acompanhamento de pacientes de mercurialismo, já que um dos efeitos da exposição ao metal é a perda dos dentes. Sobre o pedido, Cerri afirmou que encaminharia solicitação à Coordenação de Saúde Bucal da Universidade Paulista (USP), já que este tratamento, em particular, é ofertado pela rede básica de saúde.

Marcos Martins, que apontou a necessidade de disponibilizar uma rede multidisciplinar de profissionais para o atendimento, lembrou também que, além do protocolo de intenção, assinado por mais de 140 países em janeiro pela redução do mercúrio no mundo, o Ministério do Meio Ambiente (MMA) representará o Brasil no Seminário Internacional sobre a Doença de Minamata, na cidade japonesa que dá nome ao evento. O encontro terá como objetivo o intercâmbio de experiências positivas adquiridas na região após a contaminação da baía de Minamata com o mercúrio.

Perigos

Volátil, o mercúrio pode ser absorvido pelo nosso corpo e contaminar rios e alimentos. Um dos efeitos mais comuns da contaminação são alterações sistema nervoso central – gerando sequelas neurológicas permanentes -, renal, digestivo, cardiovascular, respiratório, imunológico, além da possibilidade de atravessar as barreiras placentárias de gestantes comprometendo o desenvolvimento da criança.

 

No mundo

No Japão, em 1956, mais de 900 pessoas morreram envenenadas pelo pescado contaminado e mais de duas mil adoeceram. Casos como estes também já foram vistos no Brasil. Mais de 100 países estão negociando um tratado pelo banimento do mercúrio.