Exploração de amianto pode dar indenização de R$ 20 mi

Os 28 anos de exploração de amianto na mina de Bom Jesus da Serra, a 395 km de Salvador, podem render uma indenização de R$ 20 milhões para a população local. Uma ação civil pública, movida pelos Ministérios Públicos Federal (MPF-BA) e Estadual (MPE), cobra da Sama S/A Minerações Associadas – além da reparação econômica – um estudo de impacto e um plano de recuperação ambiental da área em que a mina funcionou de 1939 a 1967.
Os procuradores e promotores que assinam a ação pedem também que a Justiça Federal antecipe os efeitos da tutela para que a empresa adote medidas emergenciais de segurança. Entre elas estão o isolamento da área da antiga mina com cercas de arame farpado, a sinalização do local com placas informando que o amianto é cancerígeno e a advertência sobre o consumo da água armazenada no canyon resultante da atividade mineradora no local.
Segundo a promotora Cristina Seixas Graça, a ação foi movida após oito anos de negociação com a empresa para que ela assumisse seu passivo ambiental e social. O objetivo era formalizar um Termo de Ajuste de Conduta (TAC), mas como a Sama se negou a cooperar a saída foi recorrer à Justiça.
O problema, porém, pode ser ainda maior. “Estimamos em 30 mil pessoas expostas em seis cidades no entorno da mina”, diz o presidente da Associação Baiana dos Expostos ao Amianto. “Aqui existe uma área de 300 hectares formada por depósito de restos de amianto à céu aberto.”
Segundo ele, dos 120 ex-funcionários da mina, 80 apresentaram placas pleurais em exames médicos realizados pela própria empresa. O acúmulo de amianto nos pulmões é considerado um agravante para o desenvolvimento da asbestose (doença que se caracteriza pelo endurecimento pulmonar e consequente incapacidade de respirar) e mesotelioma (câncer que atinge a pleura, camada que reveste os pulmões).
Teixeira faz ainda outra denúncia. Como a empresa não tinha onde depositar os dejetos da mina, a estrada que ligava Bom Jesus da Serra aos municípios vizinhos foi pavimentada com os restos “não comerciáveis” do mineral cancerígeno. “Até 2001, as pessoas que passavam pelo local ‘comiam poeira de amianto’”, afirma.
De acordo com o MPE e MPF, além do amianto Crisotila no local da extinta mina da Sama, na Bahia, existe também o mineral em sua forma chamada de anfibólio – considerado ainda mais nocivo a saúde.
A lei estadual que veta o amianto em São Paulo chegou a ser suspensa por uma ação direta de inconstitucionalidade (Adin) movida pela Confederação Nacional dos Trabalhadores na Indústria (CNTI). Em agosto do ano passado, no entanto, o Supremo Tribunal Federal (STF) considerou a proibição constitucional.
Procurada pela reportagem, a Sama afirma que não se pronunciará antes de ser notificada pela Justiça.
USO PERIGOSO
O amianto é utilizado na produção de:
• caixas d`água, telhas onduladas e tubulações;
• produtos de fricção como lonas de freio e discos de embreagem;
• produtos têxteis, como luvas especiais, mangueiras e forração de roupas;
• filtros para líquidos de interesse comercial;
• de papéis e papelões;
• de produtos de vedação para a indústria automotiva.
AS DOENÇAS QUE CAUSA
De acordo com o Instituto Nacional do Câncer, o amianto pode causar:
Asbestose
A doença causada pela alta concentração de fibras de asbesto nos alvéolos pulmonares. O amianto presente no pulmão causa o endurecimento dos alvéolos, deixando-os sem a capacidade de realizar a oxigenação do sangue. O resultado é a perda da elasticidade pulmonar e da capacidade respiratória.
Câncer de pulmão
O câncer de pulmão ocorre com alta frequência entre os expostos ao amianto, seja na extração em minas ou em indústrias que manipulam esta fibra. O risco aumenta em 90 vezes caso o trabalhador exposto ao amianto também seja fumante, pois o fumo potencializa o efeito do asbesto como promotor de câncer de pulmão. Estima-se que 50% dos indivíduos que tenham asbestose venham desenvolver câncer de pulmão.
Mesotelioma
O mesotelioma é uma forma rara de tumor maligno de pleura, membrana que reveste o pulmão. A relação entre a inalação de fibras de amianto e o risco de mesotelioma pleural já está bem definido, assim como para mesotelioma de peritônio, pericárdio e túnica vaginal. Pode também estar relacionado com outros tipos de câncer como o de laringe.

 

Os 28 anos de exploração de amianto na mina de Bom Jesus da Serra, a 395 km de Salvador, podem render uma indenização de R$ 20 milhões para a população local. Uma ação civil pública, movida pelos Ministérios Públicos Federal (MPF-BA) e Estadual (MPE), cobra da Sama S/A Minerações Associadas – além da reparação econômica – um estudo de impacto e um plano de recuperação ambiental da área em que a mina funcionou de 1939 a 1967.

Os procuradores e promotores que assinam a ação pedem também que a Justiça Federal antecipe os efeitos da tutela para que a empresa adote medidas emergenciais de segurança. Entre elas estão o isolamento da área da antiga mina com cercas de arame farpado, a sinalização do local com placas informando que o amianto é cancerígeno e a advertência sobre o consumo da água armazenada no canyon resultante da atividade mineradora no local.

Segundo a promotora Cristina Seixas Graça, a ação foi movida após oito anos de negociação com a empresa para que ela assumisse seu passivo ambiental e social. O objetivo era formalizar um Termo de Ajuste de Conduta (TAC), mas como a Sama se negou a cooperar a saída foi recorrer à Justiça.

O problema, porém, pode ser ainda maior. “Estimamos em 30 mil pessoas expostas em seis cidades no entorno da mina”, diz o presidente da Associação Baiana dos Expostos ao Amianto. “Aqui existe uma área de 300 hectares formada por depósito de restos de amianto à céu aberto.”

Segundo ele, dos 120 ex-funcionários da mina, 80 apresentaram placas pleurais em exames médicos realizados pela própria empresa. O acúmulo de amianto nos pulmões é considerado um agravante para o desenvolvimento da asbestose (doença que se caracteriza pelo endurecimento pulmonar e consequente incapacidade de respirar) e mesotelioma (câncer que atinge a pleura, camada que reveste os pulmões).

Teixeira faz ainda outra denúncia. Como a empresa não tinha onde depositar os dejetos da mina, a estrada que ligava Bom Jesus da Serra aos municípios vizinhos foi pavimentada com os restos “não comerciáveis” do mineral cancerígeno. “Até 2001, as pessoas que passavam pelo local ‘comiam poeira de amianto’”, afirma.

De acordo com o MPE e MPF, além do amianto Crisotila no local da extinta mina da Sama, na Bahia, existe também o mineral em sua forma chamada de anfibólio – considerado ainda mais nocivo a saúde.

A lei estadual que veta o amianto em São Paulo chegou a ser suspensa por uma ação direta de inconstitucionalidade (Adin) movida pela Confederação Nacional dos Trabalhadores na Indústria (CNTI). Em agosto do ano passado, no entanto, o Supremo Tribunal Federal (STF) considerou a proibição constitucional.

Procurada pela reportagem, a Sama afirma que não se pronunciará antes de ser notificada pela Justiça.

USO PERIGOSO

O amianto é utilizado na produção de:

• caixas d`água, telhas onduladas e tubulações;

• produtos de fricção como lonas de freio e discos de embreagem;

• produtos têxteis, como luvas especiais, mangueiras e forração de roupas;

• filtros para líquidos de interesse comercial;

• de papéis e papelões;

• de produtos de vedação para a indústria automotiva.

AS DOENÇAS QUE CAUSA

De acordo com o Instituto Nacional do Câncer, o amianto pode causar:

Asbestose

A doença causada pela alta concentração de fibras de asbesto nos alvéolos pulmonares. O amianto presente no pulmão causa o endurecimento dos alvéolos, deixando-os sem a capacidade de realizar a oxigenação do sangue. O resultado é a perda da elasticidade pulmonar e da capacidade respiratória.

Câncer de pulmão

O câncer de pulmão ocorre com alta frequência entre os expostos ao amianto, seja na extração em minas ou em indústrias que manipulam esta fibra. O risco aumenta em 90 vezes caso o trabalhador exposto ao amianto também seja fumante, pois o fumo potencializa o efeito do asbesto como promotor de câncer de pulmão. Estima-se que 50% dos indivíduos que tenham asbestose venham desenvolver câncer de pulmão.

Mesotelioma

O mesotelioma é uma forma rara de tumor maligno de pleura, membrana que reveste o pulmão. A relação entre a inalação de fibras de amianto e o risco de mesotelioma pleural já está bem definido, assim como para mesotelioma de peritônio, pericárdio e túnica vaginal. Pode também estar relacionado com outros tipos de câncer como o de laringe.