Tubulação de água feita de amianto preocupa moradores de Bariri, SP

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Os moradores de Bariri (SP) estão preocupados com a qualidade da água que chega às torneiras. Como a rede de tubulação é antiga e parte dela foi construída com amianto, moradores de 11 bairros abastecidos pelo sistema querem saber se há realmente risco de contaminação. Mas, até agora nenhuma análise foi feita.

A água que sai das torneiras da casa da dona de Casa Maria Amélia Santos Colomera parece limpa e potável, mas a moradora desconfia da qualidade dela. “Nós ficamos preocupados se tem algum risco, para beber essa água, lavar as frutas, a salada”, conta. O mototaxista Edvaldo Colomera agora tem um gasto a mais com as compras do mês. “Depois que ficamos sabendo começamos a comprar água. Porque não estamos vendo, não sabemos se isso está causando algum problema porque é inodoro”, afirma.

O amianto é um minério que era usado na fabricação de telhas, caixas e tubulação de água e que é prejudicial à saúde. A suposta contaminação da água por amianto foi denunciada por um morador na internet e chegou a ser discutida na Câmara de Vereadores da cidade. A tubulação antiga feita com cimento amianto leva água para 50% dos imóveis de Bariri, em 11 bairros, onde moram cerca de 12 mil pessoas.

O superintendente do Serviço de Água e Esgoto de Bariri (Saemba) confirma que parte da tubulação é feita com amianto. Aproximadamente dois quilômetros e meio de extensão que liga o manancial São Luiz, onde a água é captada até a estação de tratamento. Ele ainda admite que desconhece a presença do minério na água e diz que até hoje nenhuma análise foi feita pra tentar identificar a presença de amianto nos reservatórios do município. “Nós vamos pedir uma análise da água e estamos dentro das portarias de portabilidade. Fizemos uma análise de metais pesados e tudo está certo”, explica Elias Tonsic.

Segundo o Saemba, a tubulação foi instalada há cerca de 30 anos na rede de abastecimento de água de Bariri, antes da venda de materiais à base de amianto ser proibida no estado de São Paulo. A lei de proibição entrou em vigor em 2007, com o objetivo de proteger a população desta substância considerada altamente cancerígena pelo Ministério da Saúde.

A médica do Hospital Amaral Carvalho de Jaú (SP), referência no país no tratamento de câncer,  confirma os danos que amianto traz ao organismo quando inalado durante um longo período, mas ela desconhece casos de pacientes que tenham  desenvolvido a doença  por causa da ingestão do minério.

“Geralmente esses cânceres se desenvolvem com a exposição crônica. Então normalmente é uma pessoa que trabalhou na produção de produtos a base de amianto e ficou exposto de forma inalatória”, explica Maura Rosane Ikoma, coordenadora Médica do Instituto Amaral Carvalho.

A Anvisa informou que a responsabilidade pela análise de controle da qualidade da água é de competência do município. Já a Cetesb afirma que só fará uma análise se for pedida pela prefeitura de Bariri, o que não teria sido feito até agora. A direção do Saemba disse que não há prazo para que o teste de qualidade seja feito, mas estuda a substituição da rede o que custaria inicialmente à autarquia cerca de R$1,5 milhão.