Governo tucano quer privatizar nosso verde
Por volta do ano de 1580, o Pico do Jaraguá, ponto mais alto da cidade de São Paulo, foi dominado pelos Bandeirantes. As primeiras notícias que se têm do local é que nele estava estabelecido o português Afonso Sardinha, também bandeirante, caçador de índios e traficante de escravos, que descobriu vestígios de ouro no ribeirão Itaí. Após numerosas guerras contra os índios nativos daquelas terras, a mineração do ouro teve início, sendo explorado até o esgotamento, no século XIX.
Recorro a esse pequeno resumo histórico para abordar um assunto preocupante ao meio ambiente no estado de São Paulo. Trata-se do Projeto de Lei 249/2013, de autoria do governador Alckmin, que autoriza a concessão à iniciativa privada, por 30 anos, de áreas públicas inseridas em Unidades de Conservação Permanente. Estão na mira da privatização os parques estaduais do Pico do Jaraguá, da Cantareira e de Campos do Jordão, além da Estação Experimental de Itirapina e da Floresta de Cajuru. Somados, os parques possuem uma área superior a 20 mil hectares.
Oriundo do Palácio dos Bandeirantes, o projeto perpetua uma política de exploração do patrimônio público natural que remonta à colonização. Se o projeto for aprovado, a empresa vencedora poderá cobrar até pelo acesso ao local. Qualquer semelhança com a prática mercantilista de nossos exploradores antepassados não é mera coincidência.
Resumindo, querem transformar os parques em shoppings a céu aberto. Estamos falando de milhares de quilômetros quadrados de área verde, abrigo de nascentes e centenas de espécies de animais silvestres e flora abundante, que ficariam à mercê de empresas com interesses unicamente financeiros por três décadas.
Como vemos, nem o verde escapa da lógica perversa das privatizações tucanas. Num mundo onde a água é um recurso cada vez mais escasso, e a biodiversidade corre sérios riscos, estaremos abrindo mão de uma riqueza de valor inestimável caso a Assembleia Legislativa aprove essa verdadeira privatização do meio ambiente.