Suíça arquiva parte do caso Alstom, por falta de cooperação do Brasil
O jornal Folha de S. Paulo noticiou, neste última fim de semana, que procuradores da Suíça que investigam negócios feitos pela multinacional francesa Alstom com o governo do Estado de São Paulo arquivaram as investigações sobre três acusados de distribuir propina a funcionários públicos e políticos do PSDB, por estarem cansados de esperar pela cooperação de seus colegas brasileiros.
Em fevereiro de 2011, a Suíça pediu que o Ministério Público Federal brasileiro interrogasse quatro suspeitos de atuar como intermediários de pagamento de propina (Arthur Teixeira, Sérgio Teixeira, José Amaro Pinto Ramos e João Roberto Zaniboni), analisasse sua movimentação financeira no país e fizesse buscas na casa de João Roberto Zaniboni, um ex-diretor da estatal CPTM acusado receber US$ 836 mil (equivalentes a R$ 1,84 milhão) da Alstom na Suíça. Nenhum pedido foi atendido.
Arquivou-se em pasta errada
Segundo o procurador da República Rodrigo de Grandis, responsável pelas investigações sobre os negócios da Alstom no Brasil, houve uma “falha administrativa”: o pedido da Suíça foi arquivado numa pasta errada e isso só foi descoberto anteontem.
O Ministério Público estadual paulista, que também investiga os negócios da Alstom, soube da existência do pedido da Suíça e solicitou cópias da documentação ao órgão federal responsável pela cooperação com autoridades estrangeiras, o DRCI (Departamento de Recuperação de Ativos e Cooperação Jurídica Internacional).
Indagado sobre a situação, o gabinete de Grandis afirmou só ter encontrado o pedido suíço na quinta-feira (24/10).
A Procuradoria da República em São Paulo informou que o gabinete cometeu uma “falha administrativa” ao deixar de anexar a solicitação a outro pedido de cooperação da Suíça, e o documento acabou indo para uma pasta de arquivo de papéis do caso.
Fora do processo correto, o pedido suíço ficou sem qualquer providência no gabinete por dois anos e oito meses. (*com informações da Folha de S. Paulo)
Suíça indicia suspeito de lobby no caso Alstom
José Amaro Pinto Ramos, suspeito de ser lobista e ter ligações com empreiteiros e com políticos do PSDB, foi indiciado por lavagem de dinheiro e corrupção
O empresário José Amaro Pinto Ramos foi indiciado na Suíça por crimes de lavagem de dinheiro e corrupção de agentes públicos nas investigações do caso Alstom. Ele é suspeito de ser lobista e ter ligações com empreiteiros e com políticos do PSDB.
A informação consta de relatório do Ministério Público da Confederação Helvética, datado de 21 de fevereiro de 2011, que agora municia investigação no Brasil sobre a Alstom e o suposto esquema de pagamento de propinas. A multinacional francesa é alvo de inquéritos da Polícia Federal e do Ministério Público em São Paulo.
A Alstom teria fechado negócios milionários no setor metroferroviário e na área de energia por meio de licitações fraudadas e pagamento de valores a dirigentes de estatais em São Paulo. Além disso, segundo a revista Veja, um ex-diretor da multinacional depôs sobre pagamento de propina para receber uma dívida da Eletronorte, ligada ao governo federal.
Amaro Ramos é citado no dossiê da Suíça no mesmo processo de investigação de polícia criminal aberto contra outros dois brasileiros, igualmente rotulados de lobistas: Arthur Gomes Teixeira e Sérgio Meira Teixeira, que morreu em 2011.
Rastreamento bancário mostra que Arthur Teixeira fez depósitos na conta Milmar, no Credit Suisse de Zurique, de titularidade do engenheiro João Roberto Zaniboni, ex-diretor de operações e manutenção da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM), entre 1998 e 2003.
A investigação mostra que Zaniboni recebeu US$ 836 mil, parte repassada por Arthur Teixeira. A defesa dele nega que houve pagamento de propina. (fonte: jornal O Estado de S. Paulo)