Eleições 2016: a antipolítica ameaça a democracia?

Crédito: Assessoria/MM

O resultado das eleições 2016 é um “prato cheio” para analistas políticos. Dentre vários aspectos levantados, chamou a atenção a soma de votos nulos, brancos e de abstenções que bateu recordes históricos em todo país.
Agora, o que está acontecendo?
Certamente, o discurso da “antipolítica” contribuiu bastante para este fenômeno. A ideia ventilada na grande imprensa de que “todos os políticos são iguais” aprofundou o afastamento e rejeição da população ao processo eleitoral, este talvez o maior revés que colheremos nos próximos anos.
Por incrível que pareça, apesar do discurso anti-esquerda, os partidos que lideraram o número de candidatos barrados pela Lei da Ficha-Limpa, nesta eleição, foram o PMDB e o PSDB, que se tornaram os grandes vitoriosos.
Em resumo, essa é a velha tática do “faça o que eu digo, não o que eu faço”. Ou melhor, mesmo com discursos inflamados anti-corrupção, foram as velhas e conhecidas oligarquias brasileiras que dominaram o cenário. Ainda assim, guardadas as devidas proporções, a última pesquisa do Ibope, mostrou que líderes e partidos conservadores também foram afetados por essa onda. Na pesquisa, cerca de 70% dos entrevistados dizem desconfiar da pessoa de Michel Temer.
Neste cenário, o que podemos fazer? Como nós, que acreditamos na democracia, podemos reagir neste momento? As respostas a estas perguntas não são simples, mas assim mesmo é possível notar alguns sinais.
Certamente, o maior desafio agora é vencer o isolamento político. Democratas verdadeiros devem refletir sobre como combater o abismo entre representantes e representados. Nosso desafio é rever a forma de dialogar com a população, rever as práticas, ao risco de perdermos ainda mais a força da nossa jovem democracia.