São Paulo celebra 463 anos com muita propaganda, polêmica e pouco horizonte
Nesta quarta-feira, 25/1, a capital paulista completa 463 anos desde a missão jesuítica de 25 de janeiro de 1554, que reuniu, no início da colonização do território, habitantes de origem fundamentalmente europeia e indígena. Hoje, com mais de 11 milhões de moradores de diversos povos e etnias, a cidade enfrenta uma série de problemas, da saúde à educação, da mobilidade e acessibilidade à segurança pública, do emprego ao saneamento e limpeza urbana, entre tantos outros.
Além da extensa programação cultural e festiva que São Paulo recebe anualmente neste período, em 2017 será o primeiro aniversário da cidade sob o comando do prefeito João Dória Jr., que já no seu primeiro dia de mandato gerou polêmica nos meios de comunicação e mídias sociais quando fez, vestido de gari, o anúncio do programa Cidade Linda. Como se ainda estivesse em campanha eleitoral ou em um programa televisivo, o chefe do executivo municipal tem repetido semanalmente a experiência, cada vez com um uniforme diferente.
O prefeito vestiu-se de pintor para apagar grafittis e pichações e recentemente sentou-se em uma cadeira de rodas para “simular” a experiência de uma pessoa com deficiência física. Será que são estes os presentes que paulistanas e paulistanos esperavam do seu prefeito? Entre as medidas adotadas por Doria Jr. em pouco mais de 20 dias, estiveram a retirada de moradores em situação de rua da região central (que foram deslocados para baixo de um viaduto e escondidos atrás de uma tela verde); a proposta de elevação da velocidade nas marginais e uma reintegração de posse de terreno abandonado em São Mateus, na Zona Leste, onde viviam mais de duas mil pessoas que foram violentamente desabrigadas.
As simulações de João Dória geram ao menos duas questões fundamentais: além da publicidade, qual teria sido o saldo concreto dessas ações? Não deveria ser o atual prefeito um gestor público ao invés de um especialista em criar polêmicas? Em mais um aniversário da cidade, a população anseia por resultados concretos, mas nem por isso na cor cinza – não são delírios demagógicos e polêmicas partidárias pós-eleitorais que irão resolver questões complexas de uma megalópole, como o déficit habitacional, a violência no trânsito, a acessibilidade e mobilidade, bem como a limpeza urbana, a saúde e a educação.