Munícipes buscam sonho da regularização de seus imóveis
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No último dia 16, moradores de áreas irregulares que lutam pela documentação de suas propriedades estiveram com Sérgio Januário de Freitas, assessor da Secretaria de Habitação e com o vereador Marcos Martins para uma reunião esclarecedora. Eles trataram sobre as medidas cabíveis para a regularização de suas terras, com foco principal no caso do Conjunto Habitacional Terra é Nossa, próximo ao Jardim Piratininga. Representantes de associações de outros conjuntos habitacionais também estiveram presentes, como é o caso do Jardim Aliança, vizinho do Terra é Nossa, e de lotes do Jd. Padroeira.
Com base nas ferramentas que o Estatuto das Cidades do governo Lula proporciona, a Prefeitura está desenvolvendo projetos de regulamentação de áreas livre, favelas e propriedades particulares. Com o Estatuto, o governo cria condições para regulamentar a situação de moradia da população, mas para isso é preciso que haja total interação com a comunidade, explicou Freitas
Marcos Martins, que acompanha a luta de moradores de diversas áreas irregulares do Município, disse que a aproximação da Prefeitura surge como uma grande esperança para a população que amarga, há décadas, desgosto e desamparo quanto ao assunto. A vida de luta destes moradores, construindo suas casas com dificuldade, sempre acreditando que um dia terão posse de um documento, merece uma resposta e o respeito da administração pública municipal, destacou.
No começo do mês o secretário Sérgio Gonçalves (Habitação e Desenvolvimento Urbano) e o prefeito Emidio de Souza estiveram no Terra é Nossa e, em reunião com os moradores, obtiveram informações sobre a história e as carências do local. Na ocasião, ficou definido que haveria nova reunião, após a Prefeitura fazer um levantamento dos documentos dos terrenos – buscado em cartórios de registro de imóveis, em processos e na própria Prefeitura.
Não adianta começar errado, para conseguirmos regularizar a situação em definitivo, precisamos ver o que é correto e o que é possível ser feito, disse Freitas, explicando ainda que o acerto dos documentos não poderá ser feito em fatias, mas que todo o processo precisa ser regularizado de uma só vez.
O representante da Secretaria de Habitação explicou ainda que para desenvolver este trabalho de maneira apropriada, é preciso que a associação de moradores do Terra é Nossa esteja organizada para, num futuro próximo, reunir-se com todas as partes envolvidas. Nenhuma atitude vai ser tomada por parte da Prefeitura, sem que a população interessada tenha tomado conhecimento, garantiu Freitas.
Também ficou combinado durante a reunião que os moradores representantes de outras áreas irregulares deveriam marcar, com o vereador Marcos Martins, datas para reuniões específicas sobre suas terras. Nesta hora será fundamental o papel de Marcos Martins, que enquanto parlamentar dedicado a esta causa pode nos auxiliar a entrar em contato com os grupos, ressaltou Freitas.
ENTENDA O CASO DO TERRA É NOSSA
O Terra é Nossa, conjunto habitacional existente desde o final da década de 70, é parte de uma gleba originalmente pertencente à Cohab (Companhia Metropolitana de Habitação de São Paulo), de cerca de 2,3 milhões de metros quadrados que, em 1994, foi desmembrada entre o Inocoop (Instituto de Orientação às Cooperativas Habitacionais de São Paulo), o Exército e a Prefeitura de Osasco.
Antes de dividir a área, a Cohab estava em negociação com os moradores para conceder a eles Termos de Permissão de Uso (válidos como Contrato de Compra e Venda), para regularizar o projeto. Em um dado momento, a Prefeitura obteve direito de desapropriar a terra da Cohab, devido às dívidas com impostos da Companhia com a administração municipal.
Quando a Prefeitura assumiu a área, como os impostos devidos pela Cohab cobriam apenas parte da terra desapropriada, a situação se alternou – a Prefeitura passou de credora a devedora da Cohab, com a dívida em títulos precatórios municipais. O processo de concessão de Termos de Permissão de Uso praticado pela Cohab foi paralisado, pois o valor que a Prefeitura devia à Cohab não foi saldado, e a legalização da terra ficou suspensa.
Como conseqüência, os moradores deixaram de receber as escrituras de suas propriedades e até hoje recebem o IPTU em nome da Prefeitura. O papel da Secretaria Municipal de Habitação agora é levantar todos os detalhes do desmembramento da terra e descobrir quais os pontos realmente corretos da negociação.


