Fibrocimento de fibras de Eucalipto tem diversas vantagens

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Experimentos realizados na USP de São Carlos comprovaram que as fibras de eucalipto podem substituir as fibras de amianto como componente do fibrocimento. O amianto é um produto não-renovável e que pode causar problemas de saúde para quem trabalha com ele. A alternativa ao material mais usada é a fibra de Pinus (espécie de pinheiro). Contudo, os testes mostraram que o uso das fibras de eucalipto tem custo menor em relação ao Pinus, além de ser biodegradável e de caráter renovável.

Os resultados foram obtidos na pesquisa de doutorado Fibras curtas Eucalipto para novas tecnologias em fibrocimento, do engenheiro Gustavo Henrique Denzin Tonoli, atualmente professor na Universidade Federal de Lavras, em Minas Gerais. O estudo foi orientado pelo professor Francisco Antonio Rocco Lahr, recebeu recentemente o Prêmio Capes 2011, que premia teses de doutorado no Brasil pela sua qualidade e originalidade. A tese foi apresentada no programa de pós-graduação Interunidades Ciências e Engenharia de Materiais (CEM) da USP, em São Carlos.

O fibrocimento é um produto de baixo custo amplamente utilizado para diversos materiais de construção civil como caixas-d’água, paredes pré-fabricadas e telhas, entre outros. No Brasil, a fabricação desse produto chega a 2,5 milhões de toneladas por ano, correspondente a um mercado de aproximadamente R$ 2 bilhões.

“A pesquisa é multidisciplinar, trabalha com química, física e engenharia”, afirma Tonoli, ressaltando os diversos atributos que o fizeram receber o prêmio. “Ela também tem aspectos sociais e ambientais, de sustentabilidade, que são importantes”.

Vantagens

As fibras de Eucalipto têm custo menor do que as de Pinus, o que é importante para o fibrocimento, que pretende ser um produto de baixo custo, podendo ser usado, por exemplo, em programas de habitação. Além disso, o Brasil é o maior produtor do mundo de polpa celulósica de Eucalipto.

Fibras de Eucalipto apresentam, em uma mesma massa, quatro vezes mais filamentos que as de Pinus. Isso acarreta em uma maior resistência do fibrocimento.  Além disso, existe uma melhoria nos aspectos econômicos e ambientais em relação ao Pinus: “A questão da maior quantidade de filamentos faz com que as máquinas que fazem o fibrocimento tenham o mesmo ou até melhor desempenho, gastando menos energia”, explica o engenheiro.

Reconhecimento
No dia 6 de junho, a pesquisa de Tonoli estava entre as ganhadoras anunciadas da edição de 2011 do Prêmio Capes. Na sede da Capes, em Brasília, no dia 11 de julho, haverá a cerimônia de entrega da premiação. Além disso, acontece também o anúncio dos três vencedores do Grande Prêmio Capes de Tese. O engenheiro concorre na área de Engenharias e Ciências Exatas e da Terra.

Porém, esta não foi a única premiação recebida pela pesquisa. Na própria banca de defesa de doutorado, o estudo recebeu Menção de Louvor. O Prêmio Excelência em Construção Sustentável, organizado pela empresa Holcim e a Associação Nacional de Tecnologia do Ambiente Construído (Antac), também foi ganho pela tese. No Prêmio Brasil de Engenharia 2010, a pesquisa ficou em primeiro lugar com louvor na categoria “Construção Sustentável”.

Por João Ortega Agência USP de Notícia