Deputado quer banir uso do mercúrio na saúde

Crédito: Roberto Stuckert Filho

À frente de diversas lutas em defesa do trabalhador, o deputado estadual Marcos Martins (PT) realizou, em conjunto com Associação dos Intoxicados e Expostos ao Mercúrio (AIEM), audiência pública na manhã desta quarta-feira, 28, para debater o Projeto de Lei 769/11, de sua autoria, que proíbe uso de mercúrio em equipamentos hospitalares e para analisar as condições dos trabalhadores expostos à substância que é nociva à saúde.

Com o mesmo empenho que o parlamentar empregou para aprovação do texto que proíbe a comercialização e manuseio do amianto, Martins, agora, quer que o projeto 769/11 siga o mesmo rumo e torne-se lei no estado. Certo de que tanto consumidores quanto trabalhadores colocam a saúde em perigo por não conhecerem os males causados pela exposição ao mercúrio, o deputado apresentou o projeto na Casa de Leis objetivando a defesa e segurança da saúde da população paulista.

Durante a atividade, que contou com a participação de membros da Secretaria de Saúde do Estado, do Ministério do Trabalho, da Secretaria de Saúde de São Paulo, da CUT (Central Única dos Trabalhadores), advogados defensores dos trabalhadores contaminados e médicas pesquisadoras do Hospital das Clínicas, Marcos Martins argumentou sobre a periculosidade da substância. “O mercúrio é um metal inodoro, que evapora de forma imperceptível, mesmo em baixas temperaturas, contaminando o ar que respiramos, aumentando o impacto da transmissão do material tóxico”, disse e complementou: “A letalidade e nocividade desta substância já foi comprovada. Agora, precisamos levar informação à sociedade e desenvolver, para o bem da saúde pública, trabalhos de conscientização”.

Já a Graziela Almeida Silva, médica sanitarista do Centro de Epidemiologia do Hospital das Clínicas de São Paulo, alertou sobre os perigos de contaminação. “Em Rosana, interior de São Paulo, crianças foram contaminadas porque levaram para casa e escolas, como brinquedo, lixo hospitalar que havia sido descartado indevidamente. Este é um exemplo ilustrativo de como devemos atacar esse produto que contamina”, afirmou. Como um dos aspectos que podem ajudar na diminuição dos riscos, Graziela Almeida argumentou sobre a necessidade do Brasil mudar sua postura quanto à saúde ocupacional. “Somos um país que trabalha pouco com a prevenção’.

Para o parlamentar, o Brasil já tem disponível outras opções de aparelhos de medição sem o metal e viabilidade econômica para fazer a troca . Com a aprovação do projeto de lei esses instrumentos deverão ser destinados à reciclagem em empresa ou aterros públicos e privados, licenciados por órgão competente e inscritos no Cadastro Técnico Federal do Ibama.

Compuseram a mesa: Graziela Almeida da Silva, médica sanitarista do Centro de Epidemiologia do Hospital das Clinicas, Valdivino, presidente da (Associação dos Intoxicados e Expostos ao Mercúrio), Márcia Mello Correia, médica e pesquisadora do serviço ocupacional do Hospital das Clinicas, Fernanda Giannasi, engenheira e fiscal do Ministério do Trabalho, Paulo Roberto, do escritório de advocacia que representa os trabalhadores contaminados com mercúrio, e Vital Ribeiro do Centro de Vigilância Sanitária de estado de São Paulo.

Perigos

Volátil, o mercúrio pode ser absorvido pelo nosso corpo e contaminar rios e alimentos. Um dos efeitos mais comuns da contaminação são alterações sistema nervoso central – gerando sequelas neurológicas permanentes -, renal, digestivo, cardiovascular, respiratório, imunológico, além da possibilidade de atravessar as barreiras placentárias de gestantes comprometendo o desenvolvimento da criança.

No mundo

No Japão, em1956, mais de 900 pessoas morreram envenenadas pelo pescado contaminado e mais de duas mil adoeceram. Casos como estes também já foram vistos no Brasil. Mais de 100 países estão negociando um tratado pelo banimento do mercúrio.