Após 2 anos, bolsa ‘anticrack’ de MG não sabe quantos recuperou
Lançada há cerca de dois anos, a “bolsa antidrogas e antiálcool” mineira, referência para a “bolsa anticrack” do governo de São Paulo, não tem dados objetivos dos resultados e enfrenta falta de vagas e desconfiança sobre o trabalho das comunidades terapêuticas, parceiras do programa.
Implantado em agosto de 2011, o programa chamado Aliança pela Vida subsidia o tratamento de viciados com R$ 900 mensais, por até seis meses. O crédito fica em um cartão dado às famílias, para pagamento das comunidades.
Mas o governo Antonio Anastasia (PSDB) não tem o perfil dos atendidos nem sabe dizer o percentual de recuperação e reinserção social dos tratados pela iniciativa.
Especialistas envolvidos com o programa o apoiam, mas questionam a qualidade das comunidades existentes.
O psicanalista Paulo Repsold, que participou do planejamento inicial, aponta problemas como a burocracia, que atrasa parcerias entre prefeituras e instituições, e a resistência ideológica às comunidades por setores que aceitam que só a saúde pública cuide dos viciados.
Além disso, ele diz que muitas comunidades precisam se qualificar.
O terapeuta ocupacional Ronaldo Viana, que há 20 anos tem uma comunidade, diz que a realidade dessas instituições é “precária”, com pouca capacitação de profissionais pelo setor público.
“Temo aventureiros que veem a oportunidade de recursos e abrem qualquer serviço.”
Robert William de Carvalho, da ONG Defesa Social, disse que há poucas vagas. “É difícil arrumar vagas para homens, muito difícil para mulheres e impossível para crianças e adolescentes.”
Segundo o governo, o Aliança pela Vida pode internar até 1.600 pessoas/ano.
Os envolvidos citam a necessidade de 300 comunidades. Por ora são 37 certificadas e 32 em processo de certificação, diz o governo, que tem feito reuniões sobre qualificação com as instituições.
O subsecretário de Políticas sobre Drogas, Cloves Benevides, afirma que o resultado dos tratamentos e o perfil dos atendidos serão avaliados em balanço a ser feito no final deste semestre.
Cerca de 12 mil pessoas já foram atendidas. A maioria, no entanto, passou por atendimento ambulatorial, modalidade que não inclui a bolsa.
O governador de Minas lamentou, em recente palestra, que o programa antidrogas e antiálcool seja limitado por motivos financeiros.
“O Estado não tem recursos financeiros para fazer programas do tamanho que gostaríamos”, afirmou.