Exclusivo: Padilha diz que Brasil estará na vanguarda do tratamento contra Aids
O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, afirmou hoje (4) em entrevista à Rádio Brasil Atual que o Brasil é o primeiro país a oferecer de forma gratuita tratamento imediato a pacientes diagnosticados com HIV e medicação a pessoas em situação de risco. A nova estratégia é oferecer o tratamento assim que o teste der positivo. Ao oferecer o medicamento mais rapidamente, você espera que a pessoa tenha qualidade de vida melhor e reduza o risco de transmitir o vírus a outras pessoas, disse, ao comentar o anúncio feito no último domingo.
Desde o início da oferta de medicamento no Sistema Único de Saúde (SUS), há 17 anos, 313 mil pessoas foram incluídas na lista de tratamento, segundo o Ministério da Saúde. A partir de agora, a expectativa é de que outras 100 mil sejam incorporadas ao longo de 2014, 32% a mais. Até agora, o tratamento era oferecido apenas quando havia manifestação física da doença.
O SUS passa a oferecer também a dose tripla combinada, medicamento no formato três em um que garante mais eficácia no tratamento. A estratégia será implementada primeiro no Rio Grande do Sul, que tem o maior número de casos per capita do país, 41,44 para cada cem mil habitantes, e no Amazonas, que apresenta o maior número de mortes.
Em outra frente, será iniciada uma campanha de prevenção com grupos da população que estejam mais expostos ao HIV, como profissionais do sexo. Segundo o ministro, estudos feitos pelo Ministério da Saúde mostraram que o oferecimento de medicação de maneira preventiva garante uma redução no risco de infecção.
Essa estratégia será realizada primeiro no Rio Grande do Sul, com expectativa de que a análise sobre a eficácia dela seja concluída no primeiro trimestre de 2015. A ideia é garantir a Profilaxia Pré-Exposição nos Serviços de Assistência Especializada (SAE) e nas Unidades de Pronto Atendimento (UPAS) para profissionais do sexo, travestis, transexuais, pessoas que usam drogas, pessoas em situação de rua e pessoas privadas de liberdade.
Na visão do governo federal, essa iniciativa é importante porque, embora o Brasil apresente índice relativamente baixo de infecção (0,4% da população total), existe uma grande concentração em alguns segmentos da sociedade. Segundo o Ministério da Saúde, há cerca de 700 mil pessoas infectadas com HIV, mas ao menos 150 mil desconhecem essa situação.
A taxa de detecção tem se mostrado estável, em torno de 20 casos a cada 100 mil habitantes, ou 39 mil casos novos a cada ano. O problema é que tem aumentado o número de jovens do sexo masculino diagnosticados com Aids, o que preocupa o ministério e deve levar a intensificar campanhas de prevenção. Temos uma geração mais jovem que não viveu o início do enfrentamento da Aids. Não viu artistas, esportistas, parentes morrendo com a Aids, e por isso talvez tenham menos sensibilidade com a questão, afirmou Padilha.
Mais Médicos
Durante a entrevista à Rádio Brasil Atual, o ministro recordou que foi apresentada esta semana a lista de cidades habilitadas a receber novos cursos de Medicina. Esta é uma das iniciativas do programa Mais Médicos, lançado como resposta à demanda social apresentada durante as manifestações de junho por uma qualidade melhor nos serviços públicos de saúde.
A ideia é criar novos polos de formação e garantir a entrada de mais pessoas em Medicina para, no longo prazo, resolver o déficit de profissionais atuando na área, motivo pelo qual foi feita a ação emergencial do Mais Médicos, de contratar pessoas dispostas a atuar nos rincões do país e na periferia das grandes cidades. A expectativa é de 11.400 novas vagas em quatro anos hoje, são 18 mil. O ministro disse que, em São Paulo, são 16 cidades habilitadas.
Sobre a chegada de profissionais a lugares com carência de atendimento, Padilha reiterou que as áreas mais pobres do país, o que inclui o semiárido, o Vale do Jequitinhonha, parte da Amazônia Legal e o Vale do Ribeira, terão todos seus municípios atendidos por ao menos um médico até o fim deste ano, e que até março serão 13 mil pessoas vinculadas ao Mais Médicos. A expectativa é de que uma população de 46 milhões de pessoas passe a contar com atendimento.
Tem um retorno muito positivo. Não só da quantidade de médicos, mas da qualidade desses profissionais, disse o ministro. Sempre disse que o Mais Médicos iria ajudar a mudar a mentalidade que existe no SUS de que o atendimento não pode ser humanizado, que entre o médico e o paciente sempre precisa ter uma máquina. Isso é muito importante porque cada vez mais o Brasil convive com doenças crônicas.