Sabesp investe, mas é em publicidade
Enquanto os investimentos em obras da Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp) se restringem a soluções paliativas, como as bombas para captação de volume morto, o dinheiro gasto em publicidade só cresce. Em menos de seis meses, foi acrescentado R$ 11 milhões sobre contrato firmado para prestação de serviço com três agências publicitárias.
As alterações foram aplicadas ao acordo original, publicado no dia 26 de março deste ano, no qual a Sabesp assina contratos de seis meses num valor total de R$ 43,7 milhões para propaganda. O montante foi dividido entra as agências Lew Lara, Fischer América e White Propaganda, sendo a cada uma terá R$ 14,6 milhões.
Os acordos foram selados pouco depois de a concessionária anunciar um corte de R$ 900 milhões no orçamento, devido à crise hídrica. A primeira alteração do contrato foi realizada em 12 de junho, publicada no Diário Oficial do Estado de São Paulo (DOSP), aditando ao valor do contrato a importância de R$ 5,2 milhões. Nesta terça-feira (26), mais R$ 5,7 milhões foram acrescidos. O aumento chega a 25% sobre o valor inicial, o máximo permitido pela Lei de Licitações.
Em janeiro, A Sabesp já havia assinado outro contrato, sem licitação no valor de R$ 22 milhões com a Lew Lara, justificando ser de caráter emergencial, para a divulgação da uma campanha com enfoque na economia de água. Em fevereiro, a empresa veiculava campanha no horário nobre da tevê, onde o apresentador Rodrigo Faro falava sobre a crise do Sistema Cantareira.
Para o vereador petista integrante da CPI da Sabesp, Paulo Reis, os gastos com publicidade são desnecessários e não passam de estratégia de auto defesa do governo estadual. A Sabesp está tão ineficiente, dando resultados tão ruins, que acaba querendo ter mais dinheiro para tentar se blindar, avalia Reis.
Reis acredita que, apesar do foco da CPI da Sabesp ser a avaliação dos contratos de fornecimento de água entre a Sabesp e a prefeitura, o tema deve surgir durante as discussões da comissão. A Sabesp não deveria gastar dinheiro tentando tirar os problemas das costas dela, mas sim, dando satisfação à população sobre o que deveria ter sido feito e não foi. Essa é uma tática tucana de ludibriar a população, próximo das eleições, conclui o vereador.
Segundo a lei eleitoral nº 9504/1997, nenhuma veiculação pode ser feita sobre empresas ligadas ao governo. Questionada sobre qual prerrogativa a companhia teria alegado para conseguir autorização do Tribunal Regional Eleitoral (TRE) para retomar a campanha, a Sabesp não se manifestou.