Artigo: Sabesp esconde racionamento e torneiras vão secar
Em relatório encaminhado à promotoria em abril deste ano, a Sabesp admitiu que há diminuição na pressão noturna na capital paulista, teoricamente para evitar vazamentos ou desperdício, e que a ação pode gerar falta de água em casos pontuais. O discurso público da companhia, no entanto, tem sido outro, evitando a todo custo falar em racionamento com medo de manchar a imagem do governo do estado e do candidato tucano à reeleição.
A atitude covarde e irresponsável da diretoria da Sabesp e do governador Alckmin, ao evitar falar abertamente no assunto e continuar subtraindo água desenfreadamente de onde quase não há mais recursos pode gerar um impacto ambiental sem precedentes. Se somados ao descaso da Cetesb, agência do governo estadual responsável pela controle, fiscalização, monitoramento e licenciamento de atividades geradoras de poluição, com a preocupação fundamental de preservar e recuperar a qualidade das águas, do ar e do solo, os serviços prestados pela Sabesp têm sido desastrosos.
Tamanha a incompetência da companhia em gerir um recurso fundamental para a vida que no dia 19 de setembroo diretor-presidente da Agência Nacional de Águas (ANA), Vicente Andreu, enviou Ofício ao do Departamento de Águas e Energia Elétrica de São Paulo (DAEE), comunicando a retirada da ANA do Grupo Técnico de Assessoramento para a Gestão do Sistema Cantareira (GTAG-Cantareira). A decisão foi tomada após a Sabesp propor novos limites de retirada de água do reservatório, que tem apenas 7,2% do seu nível, já incluso o seu volume morto, o mais baixo da história.
A Sabesp parece estar tomando decisões que irão impactar na vida de toda a população sem qualquer respaldo técnico, pensando apenas em manter uma imagem próspera, rentável para seus acionistas e segura para o Palácio dos Bandeirantes, mesmo sem garantir a qualidade dos serviços prestados. Embora pouco notório, o mesmo descaso que a companhia tem com a captação, tratamento e distribuição da água, tem também com nosso esgoto, jogado sem tratamento nos leitos dos rios. A Cetesb se cala diante do absurdo.
Atualmente prefeituras como a do município de São Paulo buscam alternativas para não depender do órgão estadual no fornecimento de água, embora esta responsabilidade seja do governo do Estado. O prefeito Fernando Haddad (PT), por exemplo, está estudando a perfuração de poços artesianos em repartições públicas. Municípios como Itu já declararam estado de calamidade pública e movimentos como o MTST tem feito manifestações.
Aos poucos a população também terá que buscar soluções para não ficar sem água, como captação de águas pluviais e reaproveitamento, já que para o governo Alckmin, a falta de água não tem sido tratada com o devido respeito.
Marcos Martins