Concentração dos bancos e o temor do desemprego
Itaú e Unibanco vão se tornar uma só empresa. A fusão anunciada dia 3 de novembro último aguçou o ingênuo nacionalismo brasileiro, pois ela redundará no maior banco do Hemisfério Sul e num dos vinte maiores do mundo.
Porém, a notícia causou apreensão não só nos mais de 69 mil trabalhadores do Itaú e nos aproximadamente 35 mil funcionários do Unibanco, mas também no conjunto dos bancários.
Afinal, esse já é o terceiro processo de fusão de grandes bancos no país em curso nos últimos meses. Os outros dois são Santander / Real e Banco do Brasil / Nossa Caixa. E analistas econômicos registram que o processo deve prosseguir, fazendo desaparecerem mais instituições em futuro próximo.
Nas argutas palavras do Presidente do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região, Luiz Cláudio Marcolino está instalado um quadro de recrudescimento da concentração bancária no país, extremamente preocupante; o momento de crise está sendo utilizado pelos bancos para crescer com a aquisição de outras instituições e ampliar ainda mais seus lucros.
A conta, no entanto, não pode recair sobre a sociedade na forma de elevação de tarifas e de taxas de juros, nem sobre os trabalhadores na forma clássica do enxugamento do quadro de empregados.
De minha parte, já venho arguindo no Plenário da Assembléia Legislativa os bancos acima citados e, como membro da Comissão de Relações do Trabalho, pretendo atuar facilitando negociações permanentes dos mesmos com as entidades sindicais a fim de se propiciar transparência e segurança aos bancários que trabalham nas empresas envolvidas.
Particularmente no caso da Nossa Caixa, por se tratar de banco estadual, necessariamente a Assembléia Legislativa deverá discutir toda e qualquer medida que o Executivo Paulista decida encaminhar.
Além disso, como sei que participação e mobilização dos trabalhadores faz muita diferença nessa hora, apoiarei todo e qualquer ato ou manifestação que a categoria vier a organizar no sentido de se fazer ouvir pela manutenção dos seus empregos.
Contem comigo, bancários, mais uma vez na sua luta. Não sou daqueles que se deixam inebriar por exacerbações patrióticas, sobretudo quando elas são incessantes e exageradamente marteladas pela mídia.