Alimentação saudável para um país em desenvolvimento
Acompanhando os assuntos publicados pelos jornais e portais da internet nesta semana, vejo que o principal destaque é o aumento considerável do emprego no país. Pelos números, foram criados 215 mil empregos apenas no mês de junho, com tendência de alta nos próximos meses. Enquanto isso, o desemprego cai ao patamar de 6,2. Bom para o país, ótimo para o povo brasileiro.
Mas na contramão desse desenvolvimento está um grave problema de saúde pública. Aliás, um paradoxo preocupante. Enquanto parte da população ainda passa fome, presenciamos o aumento da obesidade e do sobrepeso. De acordo com a reportagem de Adriana Delorenzo para a revista Fórum (edição 98, junho de 2011), dados do Ministério da Saúde mostram que 48,1% dos adultos estão acima do peso e 15% são obesos. Dados alarmantes, principalmente porque a eles estão atrelados às mudanças de hábitos alimentares do brasileiro com a ascensão social. As classes D e C consomem cada vez mais produtos industrializados com grande teor calórico e baixa qualidade nutricional. Estamos, com isto, copiando os problemas de saúde ocasionados pelos hábitos alimentares dos países mais ricos, como é o caso dos Estados Unidos, onde 25% da população é obesa.
É importante ressaltar que a causa da obesidade é determinada por vários fatores além dos hábitos alimentares, como sedentarismo, genética e a receita de produção de alimentos utilizada pelas indústrias.
É preciso políticas públicas para inverter esta curva ascendente. O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, ainda de acordo com a reportagem, preocupado com problema, convocou a indústria de alimentos para reduzir a quantidade de sódio e gordura nos alimentos. Além dessa medida, ele acredita que a sociedade e o Estado têm de produzir mais ações ligadas ao esporte e lazer. Quanto ao hábito alimentar, ele acredita na ação escolar como ferramenta de educação contra a obesidade.
Partilhando a mesma preocupação do ministro, apresentei, no início de 2010, o Projeto de Lei 580/10, que visa disponibilizar profissionais técnicos da alimentação nas escolas de educação básica. Ou seja, estas unidades, caso aprovado o projeto, terão nutricionistas responsáveis que elaborarão o cardápio de alimentação escolar, utilizando-se dos gêneros alimentícios básicos indispensáveis para a promoção de uma alimentação saudável, respeitando-se as referências nutricionais, adequando os hábitos alimentares à cultura e a tradição alimentar da localidade, pautando-se na sustentabilidade e na diversidade agrícola da região.
Queremos um país sem miséria, com muitos empregos, inclusão social, sustentabilidade e desenvolvimento econômico. Mas também queremos um Brasil saudável e com mais qualidade de vida para o nosso povo.