Insatisfação nas urnas
De acordo com o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), a soma dos eleitores que não compareceram nos locais de votação no 2º turno com os votos brancos e nulos foi de aproximadamente 10,7 milhões de pessoas. Chama atenção os quase 21,6% do eleitorado que se absteve (7,1 milhões), mas não podemos ignorar os votos brancos e nulos, que somados atingiram 3,636 milhões de eleitores, o equivalente a 16,69% do total.
Em Osasco, por exemplo, o total de votos foi de 425.783, sendo que os brancos somaram 18.948 e os nulos quase 50 mil. Já a abstenção na maior cidade da região oeste metropolitana da capital foi de 140.300 pessoas. Assim como aconteceu em São Paulo durante o 1º turno, quando o prefeito eleito teve menos votos do que a soma dos brancos, nulos e abstenções, vimos o mesmo ocorrer em outras três capitais: Rio de Janeiro, Belo Horizonte e Porto Alegre.
O fenômeno, que segundo especialistas representa um descontentamento da população com o voto, vem crescendo nas últimas eleições, mostrando cada vez mais a insatisfação e descrença dos eleitores com a classe política. Após o golpe contra uma presidenta legitimamente eleita, os brasileiros se deparam com um governo centrado em seus interesses pessoais e focado em mudanças que trarão enormes prejuízos aos brasileiros, com as reformas trabalhista e previdenciária, além da PEC 241.
O discurso da antipolítica na grande imprensa, que prega que todos os políticos são igualmente corruptos contribui para o avanço deste fenômeno. Nossos parlamentares têm pouquíssima representatividade e isso está muito claro no comportamento do brasileiro nas urnas. A partir de agora, os políticos que realmente acreditam na democracia e querem trabalhar verdadeiramente pelo bem do Brasil devem pensar em meios para se aproximar cada vez mais da população e manter um diálogo sólido com a sociedade.